A Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais e Quilombolas (CONAQ) denunciou, em nota de pesar, o assassinato do líder quilombola Raimundo Bertoldo, ex-presidente do quilombo Santa Cruz, na cidade de Capinzal do Norte (MA).
Raimundo, de 69 anos, atuava na proteção e defesa da comunidade, especificamente contra loteamentos ilegais e invasões de terceiros no quilombo. A vítima teria sido alvo de facadas durante uma luta corporal, após uma emboscada. A Polícia Militar já identificou um possível suspeito, que está sob custódia.
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Segundo a nota da CONAQ, o acusado pelo crime havia comprado um lote ilegal dentro do território, mas foi impedido de usufruir pela mobilização interna da comunidade. Devido ao impedimento, ele teria prometido publicamente se vingar contra a liderança e membros de sua família.
A Coordenação atenta para a insegurança no quilombo Santa Cruz, que tem sido intensificada pela demora no processo de regularização fundiária no local. Desde 2013 a comunidade denuncia ao Ministério Público Federal (MPF) vendas irregulares de lotes na região, mas nenhuma providência foi tomada.
“O andamento moroso do processo de regularização fundiária, injustificável, tem como consequência direta a proteção territorial da comunidade, abrindo espaço para conflito pela posse da terra, que estão assassinando nossas lideranças”, diz trecho do comunicado.
De acordo com a organização, entre janeiro de 2020 e maio de 2024, 12 lideranças quilombolas foram assassinadas no estado do Maranhão. “A Conaq tem apontado ao longo dos anos que o Maranhão é um dos estados do país com o maior número de assassinatos de quilombolas em contextos de conflitos territoriais”.
Entre os líderes mortos nos últimos quatro anos no estado estão Wanderson de Jesus Fernandes, Juscelino Fernandes Dias, José do Carmo Corrêa Júnior, Maria José Rodrigues, João de Deus Moreira, Antônio Gonçalves Diniz, José Francisco de Souza Araújo, José Francisco Lopes Rodrigues, Edvaldo Pereira Rocha, Moacir de Jesus dos Santos Corrêa e José Alberto Moreno Menes.