A primeira edição da honraria “Anastácia Livre”, destinada a 70 lideranças e defensoras dos direitos humanos negras, foi realizada no Teatro Waldemar Henrique, em Belém (PA), na noite de quarta-feira (22). Mulheres negras de destaque em espaços de poder na região amazônica foram homenageadas.
Movida por questões como “Você admira quantas mulheres? E quantas delas são negras?”, a realização é do mandato da vereadora Bia Caminha (PT). O objetivo da honraria é celebrar as trajetórias inspiradoras das carreiras de cantoras, musicistas, professoras, vendedoras, influencers, misses, atrizes, bailarinas, pesquisadoras, deputadas, vereadoras e jornalistas negras.
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Entre as homenageadas da noite, estiveram a ativista histórica do movimento negro brasileiro, precursora na luta pela implantação do sistema de cotas nas universidades públicas e fundadora do Centro de Estudos e Defesa do Negro do Pará (Cedenpa), Zélia Amador de Deus; a autodeclarada primeira e única parlamentar negra da Assembleia Legislativa do Estado do Pará (Alepa), deputada Lívia Duarte; e a cantora Mariza Black, defensora da presença feminina no samba.
A vereadora conta que sentia que faltava espaço para mulheres negras serem celebradas. “Hoje em dia conseguimos ver a grandeza que nós mulheres negras temos, mas mesmo assim, foi difícil encontrar mulheres negras em espaços de poder. Quando enviamos os convites da comenda muitas retornaram dizendo que estavam honradas pois era a primeira vez que tinham sido homenageadas”, conta Bia Caminha.
“Quando a gente escolheu a Anastácia como símbolo dessa homenagem era justamente para homenagear essa figura tão importante de resistência do povo negro, que ainda não é tão conhecida, mas que merece todo o reconhecimento”, acrescenta.
Quem foi Anastácia?
Símbolo da honraria, Anastácia é muitas vezes reverenciada como uma heroína, uma guerreira ou uma mãe espiritual, dependendo da tradição e da crença. Ela é frequentemente retratada como uma mulher negra escravizada, que resistiu às brutalidades da escravidão no Brasil colonial, mas sua história varia em diferentes relatos.
Muitas vezes lembrada por sua força espiritual, que a teria ajudado a enfrentar as adversidades da escravidão, Anastácia é considerada uma entidade espiritual na religião candomblé e em outras tradições afro-brasileiras. Acredita-se que possa interceder em nome daqueles que buscam proteção, força e orientação espiritual.
Anastácia é uma representação da resistência e da força da mulher negra diante da opressão histórica e da discriminação racial no Brasil. Sua memória é uma parte importante do patrimônio cultural afro-brasileiro e é frequentemente usada como símbolo de empoderamento e luta contra a injustiça.