Por: Pedro Borges
18 de julho de 1918. Em meio a primeira guerra mundial, um fato responsável por mudar o século XX e toda a história da humanidade passaria despercebido. Era o nascimento de um menino, no pequeno vilarejo de Qunu, distrito de Umtata, no sudeste da África do Sul.
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Mas esse desconhecimento duraria pouco tempo.
Isso porque, nessa data, o mundo conheceu o maior ser vivo de todos os tempos. Nelson Rolihlahla Mandela.
Madiba viveu em um país onde 20 milhões de negros eram dominados por 4 milhões de brancos. Pretas e pretos não tinham o direito ao voto, às terras, ao trabalho, à liberdade. Não tinham o direito a ter direitos.
Mandela, o primeiro da família a frequentar a escola, começou a cursar direito e logo se juntou ao Congresso Nacional Africano, em 1942. Mais do que se tornar referência na luta contra o Apartheid, Madiba passou a conciliar o Martin Luther King Jr. e o Malcolm X que sempre viveram nele.
Engana-se quem pensa que Mandela sempre pregou a reconciliação pacífica.
Em 21 de março de 1960, cerca de vinte mil pessoas reuniram-se em Sharpeville, cidade negra nos arredores de Johannesburg, para marchar, de modo pacífico, contra as injustiças raciais daquele país. A polícia sul-africana, para reprimir o ato, assassinou 69 pessoas.
Mandela, então, passou a defender a luta de guerrilha contra o Apartheid. Em 1961, se tornou o comandante do braço armado do Congresso Nacional Africano.
Madiba passava a defender a autodefesa do povo preto.
O líder foi encarado como uma grande ameaça ao Apartheid e, depois de denúncia da CIA à policia sul-africana, foi detido. Após dois anos, em 1964, foi condenado à prisão perpétua.
Madiba foi acusado de sabotar o regime segregacionista, o que ele confirmou, e de articular uma invasão estrangeira à África do Sul, o que ele negou.
Nelson ficou preso por 27 anos e só foi liberto no dia 11 de fevereiro de 1990, aos 72 anos. A sua liberdade não veio de um ato de bondade do então presidente Frederik de Klerk, mas sim de uma imensa campanha internacional pela sua soltura.
Em 1994, Mandela foi eleito o primeiro presidente negro da África do Sul e exerceu o cargo até o ano de 1999. Depois de por fim ao Apartheid, ele se dedicou a organizações internacionais em prol dos direitos humanos.
Nelson Rolihlahla Mandela faleceu no dia 5 de dezembro de 2013. No seu funeral, cerca de 90 chefes e outros 10 ex-chefes de Estado compareceram à cerimonia.
Mais do que um símbolo de luta, Mandela significa orgulho. Se a mídia e a supremacia branca, contra quem Madiba tanto lutou, conseguiram arruinar a imagem de diversos líderes negros, a de Madiba não foi possível.
Mandela é intocável. É odiado pela elite branca sul-africana, mas idolatrado pelo mundo.
Se para a sociedade, a partir de uma construção histórica, os grandes ícones têm a tez clara, é possível afirmar que, como fruto das desigualdades criadas com base nessa mesma dominação branca, o maior ser vivo que o planeta já viu tem a pele negra.
Madiba vive em nós!