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‘Me desafiei a encontrar profissionais negros capacitados’: gestor de TI cria ONG para promover oportunidades 

A iniciativa visa promover a diversidade e inclusão no setor, garantindo que todos tenham as mesmas chances de sucesso
Dois alunos da iniciativa já conseguiram emprego.

Foto: Reprodução/Canva

14 de junho de 2024

Com o objetivo de promover a diversidade e a inclusão no mercado de tecnologia, Jobson Santana, gestor em uma grande instituição financeira, fundou o Instituto Conexão Afro, localizado no Jardim São Luís, zona sul de São Paulo. A ONG busca qualificar profissionais negros, mulheres, LGBTQIA+ e pessoas com deficiência para que possam ter acesso a oportunidades no mercado de tecnologia.

O Instituto Conexão Afro oferece um curso de seis meses, que aborda habilidades comportamentais e técnicas essenciais para o sucesso no mercado de tecnologia. Além de matérias como inteligência emocional, letramento racial e social, a importância da mulher no mercado de trabalho e a história da comunidade LGBTQIA+, os alunos aprendem sobre sistemas operacionais, lógica de programação, desenvolvimento de software, banco de dados, segurança da informação e computação em nuvem.

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A motivação para criar o instituto surgiu de uma experiência frustrante de Jobson Santana, que se sentiu inconformado com a falta de candidatos negros nos processos de seleção. Ele decidiu tomar uma atitude e criar um espaço onde profissionais negros pudessem se desenvolver e alcançar seus objetivos, independentemente de gênero, orientação sexual ou habilidades.

“Abriu uma vaga na empresa onde eu trabalho e recebi um portfólio com 11 candidatos para analista júnior. Todos os currículos eram homens brancos de faculdades renomadas, sem nenhuma mulher ou pessoa preta. Então, eu me desafiei a encontrar profissionais negros capacitados nas periferias de São Paulo”, revela.

Apoio

O Instituto Afro trabalha para superar os desafios financeiros. A maior parte dos recursos vem de doações de amigos, além de algumas empresas e igrejas. No entanto, a falta de patrocínio para as refeições e custos operacionais é um desafio constante. Para sustentar o projeto, a equipe organiza vaquinhas, rifas, leilões e bingos.

Mas o esforço vale a pena. Oito meses após a criação da ONG, os resultados começam a aparecer. Dos 27 profissionais, dois já conseguiram emprego. Uma aluna foi efetivada após estágio e um jovem conseguiu seu primeiro emprego graças à mentoria intensa que recebeu. Cada aluno tem um mentor exclusivo para ajudar na criação de currículos, manutenção de perfis no LinkedIn e preparação para entrevistas.

Ato de fé

O projeto foi lançado com uma dose de fé e ousadia, como Jobson costuma dizer. As aulas foram anunciadas sem que houvesse um local para abrigar os profissionais negros interessados. No entanto, a resposta foi surpreendente. 

“Criei um vídeo no Instagram para divulgar o curso e, mesmo sem professores ou computadores, recebemos mais de 80 inscrições de todo o Brasil”, relembra Jobson.

Graças à parceria com Josyas, um barbeiro famoso na região, o Instituto Conexão Afro conseguiu um espaço para ministrar aulas. Embora o local original não seja ideal para aulas de informática, o instituto segue trabalhando para melhorar a infraestrutura e expandir as turmas, sempre gratuitas.

Além do curso de desenvolvedores, o instituto oferece cursos de inglês, assistência psicológica e orientação jurídica e contábil para a comunidade. “Nossa missão é proporcionar oportunidades para a comunidade afro-brasileira e promover a inclusão e o desenvolvimento”, destaca Santana.

“Nosso próximo passo é expandir os treinamentos e utilizar melhor o espaço disponível. Temos uma lista de espera com mais de 50 pessoas interessadas em cursos de segurança da informação, Banco de Dados e análise funcional de sistemas do sistema TOTVS, entre outros. Precisamos de doações de alimentos, licenças de software, computadores e uma internet mais robusta para atender a demanda e transformar vidas por meio do conhecimento.”

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  • Caroline Nunes

    Jornalista, pós-graduada em Linguística, com MBA em Comunicação e Marketing. Candomblecista, membro da diretoria de ONG que protege mulheres caiçaras, escreve sobre violência de gênero, religiões de matriz africana e comportamento.

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