PUBLICIDADE
PUBLICIDADE
Pesquisar
Close this search box.

Mesmo sem confirmação de câmeras de mercado, homens negros são presos acusados de arrastão

Prova para o pedido de prisão preventiva foi o reconhecimento das vítimas; mercado OXXO precisou ser intimado para apresentar gravações das câmeras de segurança

Texto: Pedro Borges | Edição: Nataly Simões | Foto: Divulgação

Imagem mostra fachada do mercado Oxxo, com as cores vermelha e amarela em destaque. Há a frase "Mercado aberto 24h por dia" e bexigas nas cores vermelha e amarela na entrada.

Foto: Foto: Divulgação

29 de agosto de 2023

Uma unidade do mercado OXXO, localizada próxima à Praça da Sé, no centro de São Paulo, foi alvo de um arrastão por volta das 23h do dia 24 de julho. Cerca de 12 homens e 3 mulheres entraram na unidade e levaram 500 unidades de chocolates, 30 latas de energético e 150 unidades de chiclete, produtos avaliados em R$ 6 mil.

A polícia foi acionada e abordou uma série de pessoas nas proximidades. Entre os detidos, alguns admitiram participação no crime e outros, não. As funcionárias do mercado afirmam terem sido ameaçadas por alguns dos rapazes e reconheceram todos os presos pela polícia.

Quer receber nossa newsletter?

Você encontrá as notícias mais relevantes sobre e para população negra. Fique por dentro do que está acontecendo!

As imagens das câmeras de segurança, porém, mostram uma série de homens encapuzados. Três deles foram reconhecidos pela polícia nas imagens e outros não foram identificados pelos registros existentes. O OXXO demorou para enviar as imagens das câmeras de segurança e chegou a ser intimado pela delegada Letícia Setembrino dos Santos para apresentar as gravações.

Mesmo com as negativas de participação de alguns acusados e a dificuldade de reconhecimento pelas câmeras de segurança do mercado, o juiz Fábio de Matos determinou a prisão preventiva de todos os envolvidos. Ao todo, foram sete homens presos e dois adolescentes apreendidos, enviados para Fundação Casa. Todos eram negros.

Alguns dos envolvidos têm ficha criminal, com participação de crimes de roubo e furto, outro fator utilizado pelo magistrado para determinar a prisão preventiva. Um dos adolescentes admitiu participação no crime, mas nega ter ameaçado as funcionárias do mercado, enquanto o outro, nega envolvimento e afirma que as barras de chocolate encontradas com ele foram dadas pelos colegas.

A Defensoria Pública de São Paulo chegou a emitir um pedido de habeas corpus, a partir do princípio da presunção da inocência. De acordo com o órgão, sem a prova cabal de que se tratavam das pessoas, é possível pedir para que elas respondam ao processo em liberdade, sem a necessidade da prisão preventiva.

A defensoria também desqualifica a ideia do crime de ameaça por conta das imagens dos vídeos das câmeras de segurança, que provam a velocidade do fato e a inexistência de qualquer comunicação entre os envolvidos e as funcionárias. Ainda de acordo com a defensoria, o crime não se trata de roubo e sim de furto, pelo motivo de não ter havido emprego de violência.

Apesar dos argumentos utilizados, a juíza Ana Carolina de Almeida negou o pedido de habeas corpus e manteve a decisão de prisão preventiva dos envolvidos. A magistrada também marcou uma audiência de instrução e julgamento do caso para o dia 26 de outubro de 2023.

Em nota à Alma Preta, a Secretaria de Segurança Pública (SSP) disse que a Polícia Civil realizou a prisão em flagrante e que o inquérito foi remetido ao poder judiciário. A reportagem também procurou o Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) e a rede de supermercado OXXO, mas não houve manifestação de nenhuma das partes até a publicação deste texto. Caso alguma das partes se posicione, o texto será atualizado.

Leia Mais

PUBLICIDADE

Destaques

AudioVisual

Podcast

papo-preto-logo

Cotidiano