O segundo dia do encontro da Coordenação Nacional do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), realizado em Belém, no Pará, trouxe reflexões sobre os desafios políticos e sociais enfrentados pelo Brasil e pela América Latina.
O evento, que acontece ate sexta-feira, 24 de janeiro, tem como tema central o planejamento das lutas e estratégias para o próximo período.
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Na terça-feira (21), o encontro teve como destaque a mesa de “Análise de Conjuntura”, com a participação de Mónica Bruckmann, cientista política e professora da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ); Marcio Pochmann, economista e presidente do IBGE; e João Pedro Stedile, da coordenação nacional do MST.
A América Latina em um contexto de disputa global
Monica Bruckmann analisou o cenário internacional e destacou o papel estratégico da América Latina como uma região de disputas no atual sistema mundial.
“Vivemos em um mundo de extrema complexidade, com uma velocidade de acontecimentos muito maior do que antes”, afirmou a cientista política durante a reunião.
Ela ressaltou o fortalecimento dos BRICS e a posição da América Latina em um contexto de declínio da hegemonia dos Estados Unidos, que atualmente prioriza alianças na Ásia e no Pacífico. Para a cientista política, a recuperação da integração regional e o enfrentamento à extrema direita são desafios fundamentais para o futuro da região.
Marcio Pochmann trouxe reflexões sobre as transformações internas no Brasil, destacando o impacto das mudanças estruturais na sociedade.
“Estamos vivendo uma mudança de época no Brasil. A análise de conjuntura deve se atualizar continuamente, acompanhando essas transformações”, explicou o economista, ao abordar os interesses do sistema capitalista no país.
Chamado à luta de massas
João Pedro Stedile avaliou os resultados das eleições municipais e a conjuntura política brasileira, enfatizando que a extrema direita sofreu derrotas importantes, mas a esquerda não conseguiu apresentar um programa popular consolidado.
“O período será marcado por instabilidade política. Precisamos acumular forças e articular com a classe trabalhadora. Ou renovamos com a luta de massas, ou a esquerda não avança”, afirmou Stedile.
Ele também destacou a importância de construir alianças entre os trabalhadores do campo e da cidade para promover mudanças significativas. “Se nós não construirmos uma grande aliança com os povos da cidade, não haverá mudanças. Para isso, é fundamental estimular as lutas de massa com um trabalho de base consistente”, concluiu.