Em homenagem aos 21 agricultores assassinados por policiais militares em 1996 durante a chacina em Eldorado dos Carajás (PA), o Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) promoveu um ato ecumênico em um trecho da rodovia PA-150. O acontecimento marca o Dia Mundial de Luta pela Terra e a jornada de luta do movimento que instituiu o Abril Vermelho em seu calendário.
Segundo o MST, durante as homenagens aos 28 anos da chacina, o movimento promoveu 24 ocupações em 11 estados e mobilizou cerca de 20 mil famílias. O objetivo é denunciar o pouco avanço da reforma agrária desde os assassinatos dos trabalhadores rurais.
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A região conhecida como Curva do S se tornou um memorial, além de símbolo de resistência e ponto de encontro de ativistas para acampamentos pedagógicos da juventude.
Em nota, os ativistas informaram que, de acordo com o Caderno de Conflitos da Comissão Pastoral da Terra (CPT), no primeiro semestre de 2023 aconteceram 973 conflitos no campo, no qual a maioria (731) foi motivado por posse de terras, um aumento de 8% em comparação ao mesmo período do ano anterior.
O programa Terra da Gente, assinado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) recentemente, propõe estratégias para a destinação de terras à reforma agrária no país. O objetivo é incluir cerca de 295 mil famílias no programa até 2026.
A medida ainda prevê que áreas rurais que estejam em nome de grandes devedores da União sejam transferidas para empresas públicas e governos estaduais para abatimento de dívidas.
O massacre
O acampamento localizado no município de Eldorado de Carajás, mantido pelo MST em 1996, abrigava cerca de 3,5 mil pessoas que planejavam marchar até Belém para reivindicar a desapropriação da área junto ao Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra).
Cerca de 1,5 mil viajantes foram surpreendidos por policiais militares que executaram 21 camponeses e outros 79 ficaram feridos. A violência transformou o dia 17 de abril como o Dia Nacional de Luta pela Reforma Agrária.
Um dos membros do movimento, em entrevista à Revista Fórum, destacou que desde a década de 1980 o Brasil registrou 1.600 assassinatos no campo. Entre as vítimas estão lideranças de campo, religiosas, indígenas e ativistas.