No Brasil, 52% das mulheres negras (pretas e pardas) afirmaram ter sido excluídas de debates durante a própria campanha eleitoral. Os dados são da segunda edição da pesquisa “Perfil da Mulher na Política”, realizada com 783 mulheres de todas as regiões do país.
Os ataques machistas sofridos pela ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, na última terça-feira (27), durante uma sessão da Comissão de Infraestrutura (CI) no Senado reacenderam o debate sobre a violência política de gênero no Brasil.
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Na ocasião, a ministra foi ofendida pelo senador Marcos Rogério (PL-RO). Ele presidia a sessão e cortou o microfone de Marina várias vezes, além de ter dito que ela tinha que “se pôr no seu lugar”. Na mesma reunião, o senador Plínio Valério (PSDB-AM) disse que a ministra de Estado não merecia respeito.
Outras ministras mulheres do governo Lula e parlamentares manifestaram apoio à Marina Silva e destacaram a gravidade da violência política de gênero, conforme noticiado pela Alma Preta.
A pesquisa, conduzida pela organização Elas no Poder, foi realizada entre junho e setembro de 2024. O levantamento utilizou um formulário digital e analisou diferentes recortes de perfil das participantes, como cor/raça, região, escolaridade, estado civil, maternidade e participação política.
Segundo o levantamento, 46% das mulheres que relataram sofrer ataques de violência digital nas redes sociais são negras. Entre aquelas que ocuparam prefeituras, 66% afirmaram ter sido alvo de discurso de ódio on-line.
Durante a campanha e o mandato, mulheres pretas e pardas relataram com mais frequência episódios de desqualificação profissional, enquanto mulheres brancas apresentaram taxas mais baixas de relatos desse tipo de violência.
A pesquisa também evidencia um desconhecimento sobre o conceito de violência política de gênero. Embora tenham relatado experiências que se enquadram na definição, muitas mulheres negras, indígenas e quilombolas afirmaram nunca ter sofrido esse tipo de violência.
“Quando mulheres que estão fazendo política no Brasil não têm a dimensão das diversas violências que as atingem, elas sempre terão uma história de violência política de gênero para contar,” afirma o estudo.