Em agosto, 33 pessoas negras foram mortas em tiroteios na região metropolitana de Belém, no Pará. Os dados são do relatório mensal do Instituto Fogo Cruzado, divulgado nesta quinta-feira (5), que analisa a violência armada nas cidades de Ananindeua, Benevides, Barcarena, Marituba, Santa Izabel, Castanhal e na capital paraense.
De acordo com o levantamento, o mês contou com 68 ocorrências de tiroteios, que totalizaram 59 pessoas baleadas. Do total, cerca de 84,75% (50) foram vítimas fatais, das quais 66% eram negras. Entre os nove feridos, duas pessoas eram negras.
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Tanto os óbitos como as ocorrências de tiroteios aumentaram em relação ao último mês, que obteve a marca de 54 casos. O crescimento representa uma alta de 26% nos registros. O número de mortes aumentou 60% na comparação com julho, que contabilizou 31 mortes.
Nos 68 conflitos armados, 31 foram resultados de homicídios ou tentativas de homicídio e 25 ocorreram durante ações policiais. Outras nove ocorrências foram classificadas como tentativas de roubo, três como resultado de briga e em quatro não foram identificadas as motivações.
O relatório destaca que, no município de Benevides, o aumento de tiroteios se deu após a morte de um policial penal no dia 13 de agosto. Depois de Ivanildo Aiati Araújo Borges ser morto, três operações policiais foram deflagradas na cidade e três pessoas morreram.
“A violência, sobretudo a violência armada, tem como alvo constante homens e mulheres negros, que sofrem diariamente. Em agosto, mais da metade dos mortos em tiroteios eram negros. Não podemos normalizar isso e temos o dever de questionar por que só uns têm direito a proteção enquanto a resposta para outros é o tiro”, argumenta o coordenador regional do Fogo Cruzado no Pará, Eryck Batalha.
Mês de agosto bate o recorde de agentes baleados na Bahia
O Fogo Cruzado também analisou o contexto da violência armada na região Metropolitana de Salvador, na Bahia, que atingiu o maior índice de agentes baleados em agosto.
Ao todo, foram 139 ocorrências de tiroteio, com 110 mortos e 27 feridos. Cerca de 43.88% das ocorrências ocorreram durante ações policiais, que vitimaram 49 pessoas e feriram 18.
O perfil das vítimas fatais é majoritariamente masculino. Das vítimas mortas, 103 eram homens e sete eram mulheres. Cerca 52 dos óbitos eram de pessoas negras, somando 47,27% do total. Não foi possível analisar o recorte racial em 78 casos.
Entre as diversas ocorrências, sete agentes de segurança foram atingidos, sendo três mortos e quatro feridos. Seis das vítimas eram policiais militares e um era agente da Polícia Civil. De acordo com o levantamento, este é o maior registro feito desde o início do ano.