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Neonazistas atacam Universidade Zumbi dos Palmares e são liberados pela polícia

Um grupo de quatro homens brancos tentou colar cartazes em alusão aos bandeirantes e contra o comunismo na instituição de ensino
Imagem mostra fachada da Universidade Zumbo dos Palmares. As paredes do prédio são brancas e o portão escuro.

Foto: Divulgação/Universidade Zumbi dos Palmares

23 de novembro de 2023

Na tarde de 20 de novembro, data em que se comemora a Consciência Negra no Brasil, um grupo de quatro homens brancos foi abordado por guardas civis metropolitanos nos arredores da Universidade Zumbi dos Palmares, em São Paulo, enquanto tentavam colar cartazes com mensagens em alusão aos bandeirantes, ao “orgulho paulista”, em exaltação de armas de fogo e contrário ao comunismo.

O grupo foi levado para o 2º Distrito Policial (DP) do Bom Retiro, mesmo bairro da faculdade, e o caso registrado como Incitação ao Crime, Porte de Armas e Receptação. Além dos cartazes, eles carregavam canivetes e facas e também um dos celulares provenientes de roubo, o que configura o crime de receptação. Apesar disso, a equipe chefiada pelo delegado Edgar Carneiro não entendeu ser uma situação de flagrante e os quatros homens foram liberados.

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Os celulares foram todos apreendidos e a Secretaria de Segurança Pública (SSP), em nota enviada à Alma Preta Jornalismo, afirma que o caso está em investigação.

Reportagem da Folha de S. Paulo ainda sinalizou que em um dos celulares a imagem de fundo de tela era a de Adolf Hitler e em outro, a dos Estados Confederados dos Estados Unidos, bandeira que representou os estados do Sul do país na Guerra Civil Americana e em defesa da escravidão. Uma testemunha também compartilhou com a Folha que um dos homens vestia uma camiseta com o recado em inglês de que “Vidas Brancas Importam”.

O Ouvidor das Polícias de São Paulo, Claudinho Silva, afirmou que o órgão abriu um procedimento para acompanhar as investigações “uma vez que recebemos informações que trata-se de uma grupo de jovens que tinha em seus equipamentos eletrônicos, materiais alusivos ao nazismo e a supremacia branca. Pode ser que as perícias nos revelem dados que até o momento o próprio Boletim de Ocorrência não conseguiu revelar”.

Dois dos homens têm 19 anos de idade, Thales Vieira Santos e Geovanne Fresneda Prazeres, enquanto Luiz Gustavo De Oliveira e Silva tem 21 e Lucas De Freitas Loureiro Marques, 26.

O delegado sinalizou para a “a necessidade de melhor apurar os significados dos cartazes e a intenção dos agentes na veiculação dos mesmos” para justificar a apreensão dos celulares, para fins de investigação. O delegado ignorou o crime de receptação por parte de Lucas de Freitas Loureiro Marques e não entendeu como uma situação de flagrante, por isso apreendeu o aparelho e não determinou a prisão.

O caso

Um homem que voltava do Parque Tietê, próximo da Universidade Zumbi dos Palmares, viu a movimentação dos quatro suspeitos e comunicou a portaria e os seguranças da faculdade, que logo entraram em contato com os guardas civis metropolitanos que estavam no parque. Depois de abordados e diante das armas em posse, os homens afirmaram que os equipamentos eram para defesa pessoal.

Questionados pelos agentes de segurança pública sobre as imagens, eles falaram que não queriam fazer qualquer tipo de afronta com o desejo de colar os cartazes nos muros da Zumbi dos Palmares, e que são simpatizantes da história do Brasil e de São Paulo. Eles contaram que aproveitaram o feriado para se reunir e destacar os ideais que acreditam.

Lucas de Freitas Loureiro Marques, quem carregava um celular proveniente de roubo, contou que comprou o aparelho há dois anos, em uma Feira do Rolo, em São Bernardo do Campo, ABC Paulista, e que não sabia que o produto era fruto de um crime.

  • Pedro Borges

    Pedro Borges é cofundador, editor-chefe da Alma Preta. Formado pela UNESP, Pedro Borges compôs a equipe do Profissão Repórter e é co-autor do livro "AI-5 50 ANOS - Ainda não terminou de acabar", vencedor do Prêmio Jabuti em 2020 na categoria Artes.

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