Principal nome à frente do novo Departamento de Diversidade e Inclusão dos Estados Unidos, a diplomata Gina Abercrombie-Winstanley esteve no Brasil em dezembro de 2021 e comentou a percepção que teve ao se deparar com a diversidade no Brasil.
Em entrevista à Folha de S. Paulo, a diplomata questionou a baixa presença de negros nos espaços frequentados por classes sociais mais altas em São Paulo e disse ter notado que a maioria das pessoas com quem teve contato foram pessoas brancas.
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“Certamente notei que a maioria das pessoas que vi era branca. Com certeza mais claras do que eu. E sabendo que a população é próxima do 50%-50% [negros e brancos], eu me perguntei: ‘Ok, cadê todo o resto?’. Então terei que voltar para ter um panorama maior”, comentou Abercrombie-Winstanley.
Apesar do questionamento sobre a falta de diversidade racial, a diplomata reconheceu que os EUA também tem suas fragilidades nesse sentido.
“[…] Quando falo sobre inclusão e diversidade, nenhum de nós deveria ficar na defensiva, porque todos nós podemos cometer erros. Não sendo os EUA perfeitos, não há uma nação para a qual possamos pregar e dizer “você deveria fazer assim ou assado”, porque também estamos descobrindo nosso caminho”, comentou.
Foi a primeira viagem de Gina Abercrombie-Winstanley como chefe do Departamento de Diversidade e Inclusão americano. A diplomata, que já atuou como embaixadora em Malta no último mandato do ex-presidente dos EUA, Barack Obama, disse que não encontrou muitas pessoas negras como ela.
Dentro do Departamento americano, Abercrombie-Winstanley disse estar empolgada para promover iniciativas que garantam oportunidades igualitárias.
“Falamos sobre a necessidade de verdadeiramente abraçar e viver os valores [de igualdade]. Todo mundo precisa ter a mesma oportunidade. Todo americano é igual. Fomos criados desde cedo com essa ideia. E ainda assim, como sociedade, não alcançamos o lugar onde alegamos querer estar”, disse à Folha.
Em sua breve passagem pelo Brasil, a diplomata também visitou a exposição sobre Carolina Maria de Jesus, uma das escritoras negras de maior referência para o Brasil, e disse que conhecer a história da escritora foi “inspirador”.
“Eu não sabia nada sobre ela antes de chegar lá. Foi inspirador, como pessoa negra e como mulher negra, ver alguém batalhar até conseguir que sua voz fosse ouvida em tempos tão difíceis para mulheres, que dirá para mulheres negras”, afirmou Abercrombie-Winstanley ao prometer voltar ao Brasil.
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