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Nove em cada dez turmas infantis não têm ensino de temas raciais, diz estudo

Análise utilizou como referência a Lei 10.639, que há 21 anos, torna obrigatório o ensino sobre história e cultura afro-brasileira
Imagem mostra duas crianças deitadas enquanto leem um livro infantil.

Foto: Reprodução

10 de janeiro de 2024

Nove em cada dez (89,8%) turmas de creches e pré-escolas não incluem o ensino de questões étnico-raciais no currículo escolar, segundo a Avaliação da Qualidade da Educação Infantil.

O estudo foi realizado em 12 municípios brasileiros pela Fundação Maria Cecilia Souto Vidigal em parceria com o Itaú Social. A análise incluiu todas as regiões do país, que considerou 3.467 turmas, sendo 1.683 creches e 1.784 pré-escola.

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Como referência, a pesquisa utilizou a Lei 10.639, que há 21 anos tornou obrigatório o ensino sobre história e cultura afro-brasileira nas escolas públicas e privadas. A legislação visa resgatar a contribuição do povo negro nas áreas social, econômica e política pertinentes à história do Brasil.

Conforme a pesquisa, as crianças da Educação Infantil participaram de aproximadamente 11 mil horas de atividades, sem ênfase em questões raciais. Os materiais artísticos, culturais e científicos de diferentes origens étnico-raciais tiveram a menor presença nas salas de aula. Em 70% das turmas, esse conteúdo foi completamente ausente

Para ajudar instituições e professores a mudarem esse cenário, a plataforma “Anansi – Observatório da Equidade Racial na Educação Básica” reúne conteúdos pedagógicos voltados especialmente para a história e cultura afro-brasileira. 

O acervo digital que possui o apoio do Itaú Social e do Centro de Estudos das Relações de Trabalho e Desigualdades (CEERT) apresenta mais de 50 experiências positivas para a redução das desigualdades étnico-raciais em sala de aula. 

Em entrevista publicada pela Alma Preta Jornalismo em janeiro de 2023, a consultora da área de educação com equidade racial do CEERT, Graça Gonçalves, explicou que a organização “tem se dedicado à formação de pesquisadores/as negros/as na área da educação antirracista”.

“Para isso, temos uma linha de ação que é o edital de pesquisas e artigos científicos sobre o cuidado racial na educação básica. Nesta primeira edição, selecionamos 15 projetos de pesquisas de profissionais da educação que ensinam na Educação Básica e Superior em todas as regiões do Brasil”, compartilhou.

Atualmente, o acervo digital traz uma variedade de opções que podem ser replicadas em sala de aula, como dicas sobre a relevância do ensino da matemática antirracista, sugestões de livros literários de autores negros, aplicativos, jogos, brincadeiras e documentários. O ambiente também é um espaço de interação onde os profissionais da educação podem trocar vivências.

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  • Mariane Barbosa

    Curiosa por vocação, é movida pela paixão por música, fotografia e diferentes culturas. Já trabalhou com esporte, tecnologia e América Latina, tema em que descobriu o poder da comunicação como ferramenta de defesa dos direitos humanos, princípio que leva em seu jornalismo antirracista e LGBTQIA+.

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