Os áudios que vazaram do presidente da Fundação Cultural Palmares, Sérgio Camargo, com comportamento alterado e xingando funcionários, o movimento negro organizado e representantes de religiões de matriz africana fazem parte das provas de uma investigação no Ministério Público do Trabalho (MPT) sobre perseguição ideológica, preconceito racial e religioso iniciada em julho de 2020. A acusação é de assédio moral.
A Palmares é um órgão público vinculado ao governo federal responsável pela promoção, fomento e preservação das manifestações culturais negras do país. Camargo e a fundação foram notificados pelo MPT para responder à denúncia, que foi feita anonimamente, porém o presidente do órgão não respondeu. As tentativas de contato foram por escrito, por telefone e até mesmo por intermédio da AGU (Advocacia-Geral da União).
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Em dezembro, o procurador responsável pelo caso entrou com uma ação na Justiça do Trabalho pedindo a “produção antecipada de provas”, que serão incluídas no inquérito e também irão auxiliar nas investigações. De acordo com o pedido feito na Justiça, a Fundação Palmares terá que informar o nome e o telefone de contato de todos os funcionários, além, do nome e o contato de todos os demitidos em 2020. O órgão terá aindaque destacar uma pessoa responsável para responder às notificações do MPT.
O processo também poderá incluir outras denúncias de perseguição que forem feitas anonimamente, por ex-funcionários ou terceirizados da FCP. Três ex-diretores da FCP divulgaram uma carta aberta de demissão acusando o atual presidente de autoritarismo, má-gestão e de aceitar interferência externa nas decisões.
Pela sua conta pessoal no Twitter, por onde faz a divulgação da sua rotina como presidente, Camargo comentou. “Se exonerar esquerdistas e nomear direitistas é ‘assédio moral’, só tenho a dizer que continuarei fazendo isso!”, escreveu.
Em outra publicação, como indireta para os funcionários da Fundação, Camargo escreveu “direitistas traíras ou que tenham desempenho insatisfatório são (sic) exonerados. Há vários casos”. Ele também divulgou uma carta de parte dos servidores com críticas ao texto de demissão dos ex-diretores. No post, Camargo chama os ex-dirigentes de “três patetas”.