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Pampa Sul-Americano perdeu 20% de vegetação campestre, revela MapBiomas

A devastação representa uma perda de 9,1 milhões de hectares de campos nativos em 38 anos
Foto da região do Pampa Sul-Americano extraída de um satélite pelo MapBiomas.

Foto: MapBiomas

6 de dezembro de 2023

A vegetação campestre do Pampa Sul-Americano sofreu uma perda de 20%, o que representa uma devastação de 9,1 milhões de hectares de campos nativos, entre 1985 e 2022. O bioma é composto por mais de um milhão de quilômetros quadrados entre Brasil, Argentina e Uruguai.

A constatação se deu por meio de uma análise de imagens de satélite captadas pela MapBiomas Pampa, rede colaborativa formada por especialistas dos três países. 

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Nas áreas mapeadas, 66% estão na Argentina (72 milhões de hectares), 18% no Brasil (19,4 milhões de hectares), e 16% no Uruguai (17,8 milhões de hectares). O Pampa Sul-Americano ocupa 6,1% da América do Sul.

Os dados mostram que a vegetação nativa cobre menos da metade do Pampa (47,4%), sendo a maioria correspondente à vegetação campestre (32% do território), que é tradicionalmente utilizada para a pecuária

No entendimento dos pesquisadores, esse é um caso singular que junta “a produção animal e a conservação da biodiversidade geralmente integram sistemas produtivos com notável sustentabilidade ambiental”, diz o relatório. 

Apesar disso, quase metade (48,4%) da região já teve a vegetação nativa convertida para o desenvolvimento da agricultura, pastagens plantadas ou silvicultura. As áreas de agricultura e silvicultura aumentaram 15% no período, o que significa um incremento de 8,9 milhões de hectares. 

Em área, o avanço da silvicultura foi menor: 2,1 milhões de hectares. Mas isso representou um crescimento de 327%. Já a vegetação campestre nativa, que é a base para a produção animal, sendo a vocação natural do bioma, caiu de 44 milhões de hectares em 1985 para 35 milhões de hectares em 2022.

No entanto, o documento aponta que os espaços de pecuária estão sendo convertidos à produção agrícola, pastagens plantadas ou à silvicultura, o que já ocupa quase a metade (48,4%) da região. A avaliação constatou que as áreas de agricultura e silvicultura aumentaram 15% no período, correspondente a 8,9 milhões de hectares.

Brasil no mapa do desmatamento

Em entrevista publicada pela Agência Brasil, o biólogo Eduardo Vélez, integrante da equipe MapBiomas Pampa, compartilhou sua aflição com o resultado da análise. 

“Quando começa a ficar muito descaracterizado a gente fica em situação muito crítica. O Pampa, hoje, só perde para a Mata Atlântica em termos de descaracterização. É o segundo bioma mais destruído. Na Mata Atlântica estabilizou, no Pampa ainda não. Isso nos preocupa muito. É como se o Brasil não olhasse para o Pampa”, destacou.

O Brasil registrou a maior perda proporcional de vegetação campestre, totalizando 2,9 milhões de hectares. Para se ter ideia da dimensão, vale destacar que o número equivale a 58 vezes a área do município de Porto Alegre.

Essa diminuição representa uma perda de 32% da área existente em 1985 em apenas 38 anos, onde o principal vetor dessa mudança é a expansão das áreas agrícolas para o plantio de soja. 

O uso agrícola do solo aumentou 2,1 milhões de hectares entre 1985 e 2022. A silvicultura, por sua vez, expandiu seu território em mais de 720 mil hectares nesse período – um aumento impressionante de 1.667%. Em 1985, a área total ocupada pelos campos era de nove milhões de hectares e passou para 6,2 milhões de hectares em 2022.
“A gente esperava que estabilizasse nos últimos anos e se mantivesse a área de agricultura e de vegetação natural, mas [a devastação] continua a cada ano. Tem consequências ambientais porque estamos perdendo biodiversidade, muitas espécies ameaçadas e em vias de extinção, especialmente plantas, além da perda de infiltração da água no solo e maior contaminação por agrotóxicos”, apontou o biólogo.

  • Mariane Barbosa

    Curiosa por vocação, é movida pela paixão por música, fotografia e diferentes culturas. Já trabalhou com esporte, tecnologia e América Latina, tema em que descobriu o poder da comunicação como ferramenta de defesa dos direitos humanos, princípio que leva em seu jornalismo antirracista e LGBTQIA+.

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