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Panteras Negras ensinaram que fortalecer as bases é primordial para combater o racismo

Criado em 15 de outubro de 1966, o partido marcou a história ao lutar por justiça social e igualdade para a população negra, sendo um dos movimentos mais influentes da década de 1960 nos Estados Unidos
Imagem de pessoas negras estadunidenses, nos anos 1960, influenciadas pelos ideais de luta e autodefesa do partido Panteras Negras. Nesta terça-feira (15), o partido completaria 58 anos de luta.

Foto: Reprodução

15 de outubro de 2024

Hoje, 15 de outubro, seria o aniversário de 58 anos de fundação de um dos mais importantes movimentos de resistência negra dos Estados Unidos: o Partido dos Panteras Negras. Fundado em 1966, em Oakland, Califórnia, o grupo nasceu em meio a um cenário de crescente violência policial contra a população negra e a luta pelos direitos civis que tomava as ruas do país. 

Os Panteras Negras surgiram com um objetivo claro: proteger as comunidades negras e combater a brutalidade policial, além de promover justiça social, igualdade econômica e direitos políticos para os afro-americanos.

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Quem foram os Panteras Negras?

O Partido dos Panteras Negras para Autodefesa, como foi originalmente chamado, nasceu em Oakland, Califórnia, em resposta à brutalidade policial que assolava as comunidades negras. Seus fundadores, Newton e Seale, formaram o partido como uma organização de autodefesa, armada, com o objetivo de proteger o povo negro da violência e da repressão policial. 

Mais do que um grupo de resistência armada, os Panteras Negras eram um movimento político que exigia mudanças radicais, incluindo o fim da exploração econômica, moradia digna, educação de qualidade e justiça racial.

A década de 1960 foi marcada por intensas lutas pelos direitos civis nos Estados Unidos, com revoltas nas ruas, repressão policial e assassinatos de líderes negros. A morte de Malcolm X, em 1965, e as contínuas agressões contra manifestantes pacíficos fizeram com que muitos jovens negros questionassem o método de resistência não violenta defendido por Martin Luther King Jr. 

Nesse cenário, o Partido dos Panteras Negras trouxe uma nova forma de enfrentamento, adotando uma postura mais combativa e direta.

Projetos sociais do partido

O Partido dos Panteras Negras não se limitava a protestos e resistência armada. Os membros implementaram uma série de projetos sociais que transformaram a vida de milhares de pessoas. Um dos mais conhecidos foi o Programa de Café da Manhã Gratuito para Crianças, que fornecia alimentação saudável para crianças negras antes da escola. A ideia era garantir que essas crianças tivessem uma nutrição adequada para poderem aprender e crescer saudáveis.

Além disso, os Panteras Negras criaram clínicas comunitárias de saúde, programas de conscientização política, distribuição de roupas e assistência jurídica gratuita para a população negra. Esses serviços eram essenciais em um período em que o acesso a cuidados básicos de saúde, educação e justiça era negado ou dificultado para os negros.

As lideranças por trás da resistência

Entre os nomes mais conhecidos do partido, além dos fundadores Huey P. Newton e Bobby Seale, destacam-se figuras como Eldridge Cleaver, ministro da Informação do partido, e Fred Hampton, líder do capítulo de Illinois e uma das vozes mais carismáticas da organização. Hampton foi assassinado pela polícia de Chicago em 1969, em uma operação que exemplificou a perseguição do governo aos Panteras Negras.

Angela Davis, uma das figuras mais conhecidas na luta pelos direitos civis e no movimento antirracista, também teve relações próximas com os Panteras Negras. Embora nunca tenha sido membro formal, Davis colaborou com o partido e foi uma grande defensora de seus ideais. Foi presa em 1970, acusada de crimes relacionados à luta pelos direitos dos presos negros e sua libertação foi uma das grandes causas do movimento negro na época.

A influência do partido se expandiu rapidamente e ele se tornou um alvo prioritário do FBI, que via os Panteras Negras como uma ameaça à segurança nacional. O então diretor do FBI, J. Edgar Hoover, considerava o partido como “a maior ameaça interna à segurança dos Estados Unidos”. A organização foi severamente atacada pelo programa COINTELPRO, uma campanha de espionagem e desestabilização promovida pelo governo que resultou em prisões, assassinatos e o desmantelamento gradual do partido.

O legado dos Panteras Negras

Na década de 1970, com a intensificação da repressão do governo, incluindo operações do FBI para desmantelar o partido, o grupo foi enfraquecendo. Muitos líderes foram presos ou exilados, e o partido acabou se dissolvendo oficialmente em 1982. No entanto, seu impacto sobre a luta pelos direitos dos negros e pela justiça social é inegável.

O Partido dos Panteras Negras teve um papel crucial no movimento negro ao redefinir as estratégias de resistência e focar na organização comunitária e no fortalecimento das bases. Eles mostraram que era possível lutar contra o racismo e a opressão de forma estruturada, combinando autodefesa com programas sociais voltados para a emancipação da população negra.

Além disso, os Panteras Negras serviram como um modelo para movimentos globais de resistência e libertação, influenciando lutas contra o colonialismo e o apartheid. Eles também inspiraram gerações posteriores de ativistas, incluindo o movimento Black Lives Matter, que, assim como os Panteras, levanta a bandeira contra a violência policial e o racismo estrutural.

  • Giovanne Ramos

    Jornalista multimídia formado pela UNESP. Atua com gestão e produção de conteúdos para redes sociais. Enxerga na comunicação um papel emancipatório quando exercida com responsabilidade, criticidade, paixão e representatividade.

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