Segundo um levantamento do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano e Regional (Ippur) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) em parceria com o Observatório das Metrópoles e a Central de Movimentos Populares, existem 69 imóveis abandonados na região central do Rio de Janeiro que foram ocupados por 2.435 famílias sem teto. Uma delas, na Avenida Venezuela, zona portuária da cidade, serve como lar para cerca de 100 pessoas em condições precárias.
A pesquisa revelou que 72,5% dos imóveis ocupados são privados, enquanto 27,5% são públicos. Entre eles, destacam-se prédios verticalizados, casarões antigos, conjuntos de casas, terrenos e instalações fabris. Em muitos casos visitados, as famílias vivem em cômodos improvisados, compartilhando espaços em condições insalubres. Aproximadamente 25% dos cômodos abrigam mães solo e mais de 500 crianças residem nesses locais abandonados.
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A ocupação se tornou uma alternativa habitacional para grupos vulneráveis como mulheres negras, mães solos, pessoas em situação de rua, egressos do sistema penitenciário, desempregados, migrantes e pessoas LGBTQIAPN+ vítimas de violência. No entanto, enfrenta desafios constantes, incluindo ações judiciais pelo retorno dos imóveis aos proprietários, como é o caso do INSS, dono do prédio na Avenida Venezuela.
O coletivo de moradores, conhecido como Ocupação Zumbi dos Palmares, começou em 2005 e, após uma retirada forçada em 2011, voltou a ser ocupado nos anos seguintes, culminando na situação atual, agravada pela pandemia de covid. O futuro dos ocupantes permanece incerto, enquanto o INSS busca recuperar a posse do imóvel.
Dados do Núcleo de Assessoria Jurídica Popular (Najup) da UFRJ mostram que a maioria dos moradores é composta por pretos ou pardos (85,2%), sendo 64,8% mulheres cis e 3,7% mulheres trans. Muitas são mães solos (34,3%), refletindo a precariedade das condições habitacionais e a necessidade de políticas públicas eficazes para enfrentar o problema das moradias populares na cidade.
Texto com informações da Agência Brasil.