A Polícia Civil de São Paulo indiciou, na quarta-feira (11), os quatro policiais militares responsáveis pela execução de um homem colombiano com 34 tiros. O caso aconteceu no dia 24 de dezembro de 2024 na região central da capital paulista.
A denúncia só foi realizada depois que as imagens das câmeras corporais dos PMs foram divulgadas na imprensa. Toda a ação foi registrada pelos dispositivos.
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Os agentes teriam sido acionados para atender uma ocorrência de ameaça em um apartamento. No corredor do local, os policiais teriam encontrado a vítima em aparente surto e, supostamente, ameaçando a vida de um cachorro com uma arma branca.
De acordo com as imagens, os agentes tentaram negociar por cerca de dez minutos. Um PM tentou disparar com uma arma de choque contra o homem, que falhou. Em seguida, todos os policiais iniciaram uma série de disparos contra a vítima, que permaneceu viva.
Os agentes então voltaram a alvejá-lo, desta vez à queima-roupa, e o executaram. O cachorro também foi morto na ação.
Após o assassinato, os agentes combinaram uma narrativa para apresentar sobre a ocorrência, forjando um confronto com a vítima. O chefe da operação passou a descrever um cenário fabricado, onde o homem colombiano teria utilizado a faca para ameaçar a vida dos demais.
“[…] indivíduo armado de faca, agressivo, colocando a vida dos senhores… O procedimento diz o quê? Arma de fogo. Mesmo assim tentaram utilizar a taser (arma de choque). Ou seja, tentaram um método menos letal dentro da possibilidade, certo? Não há o que se falar. Primeiro de tudo, o senhor se acalma (para um dos PMs). Porém, procedimento é procedimento, senhores. Quem disparou? (PMs levantam a mão). Apenas vocês quatro, né? Tá bom”, disse o policial que comandou a ação.
Depois que todos concordam sobre a versão que seria apresentada à corporação, um dos PMs pegou o rádio e passou a descrever o acontecido, seguindo o combinado.
A perícia realizada a pedido da Secretaria de Segurança Pública de São Paulo (SSP-SP), responsável por conduzir a investigação, concluiu que os policiais dispararam 44 vezes contra o homem, dos quais 35 acertaram.
A vítima e os policiais militares envolvidos não tiveram suas identidades reveladas pelo órgão. Ainda segundo a pasta, os PMs estão afastados das ruas desde a data dos fatos.
O caso segue em investigação por meio de Inquérito Policial Militar (IPM) e pelo Departamento de Homicídio e Proteção à Pessoa (DHPP).