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Policiais invadem enterro de homem em Santos

Pessoas presentes no sepultamento pediram respeito aos familiares do homem executado em fevereiro durante a Operação Verão
Imagem ilustrativa mostra viaturas da Polícia Militar de São Paulo.

Foto: Rovena Rosa/Agência Brasil

5 de março de 2024

Um vídeo ao qual a Alma Preta teve acesso mostra o momento em que dois agentes da Polícia Militar de São Paulo (PMSP) acompanham o enterro de um homem, que foi executado durante a Operação Verão, em Santos, no litoral sul paulista.

As imagens foram gravadas em 15 de fevereiro. As pessoas presentes no sepultamento pedem que a polícia se afaste, em respeito aos parentes enlutados da vítima. “Vamos respeitar o sentimento das famílias, é um ente querido que se foi”, grita uma pessoa ao fundo.

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Também há, na entrada do local, uma viatura, acompanhada de um policial. As pessoas começam a aplaudir quando os policiais vão embora do enterro.

De acordo com reportagem do g1, o homem sepultado foi morto pela polícia na frente de casa, com cinco tiros à queima-roupa. Segundo relatos dos familiares, a vítima implorou pela vida antes de ser atingida por tiros de fuzil.

O caso é apurado pela Ouvidoria das polícias de São Paulo, que realizou a segunda vistoria junto à Ouvidoria Nacional de Direitos Humanos e outras entidades no domingo (3) para colher denúncias de irregularidades na ação das forças de segurança. 

Em entrevista à imprensa, acompanhada pela Alma Preta, o ouvidor das polícias, Claúdio Aparecido da Silva, afirmou que o comportamento truculento dos agentes policiais intimida os moradores da região.

“Há um processo de aterrorizamento dessas pessoas e inibição delas para que não testemunhem sobre o que estão vivendo. Conseguimos colher elementos que justificam isso, como um sepultamento invadido por policiais, causando ainda mais dor para as famílias”, declarou.

Operação Verão

Em comunicado, a Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo (SSP-SP) afirmou que a terceira fase da Operação Verão foi iniciada em fevereiro, após a morte do soldado Wesley Cosmo, a fim de combater o crime organizado na Baixada Santista. Segundo a pasta, todas as mortes ocorridas em confronto são investigadas.

Leia a nota completa:

“As forças de segurança do Estado são instituições legalistas que atuam no estrito cumprimento do seu dever constitucional. Todos os casos de morte em confronto são rigorosamente investigados pelas polícias, com acompanhamento do Ministério Público e do Poder Judiciário. As Corregedorias das instituições estão à disposição para formalizar e apurar toda e qualquer denúncia contra os agentes públicos, incluindo as citadas pela reportagem. Os casos de MDIP são consequência da ação reação violenta dos criminosos ao trabalho da política no enfrentamento ao crime organizado. Em todos os casos citados, foram apreendidas armas e drogas com os suspeitos.

Após a morte do soldado Wesley Cosmo foi deflagrada, no dia 7 de fevereiro, a terceira fase da Operação Verão, que permanece em andamento com o objetivo de asfixiar o crime organizado na Baixada Santista. Desde o início da operação, 837 criminosos foram presos, incluindo 315 procurados pela Justiça, e 577,6 quilos de drogas retiradas das ruas. Além disso, 90 armas ilegais, incluindo fuzis de uso restrito, foram recolhidos. Até o momento, 39 pessoas morreram em confronto com a polícia, entre elas o líder de uma facção criminosa envolvida com o tráfico internacional de drogas, lavagem de dinheiro, tribunal do crime e atentado contra agentes públicos.”

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  • Verônica Serpa

    Graduanda de Jornalismo pela UNESP e caiçara do litoral norte de SP. Acredito na comunicação como forma de emancipação para populações tradicionais e marginalizadas. Apaixonada por fotografia, gastronomia e hip-hop.

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