PUBLICIDADE
PUBLICIDADE
Pesquisar
Close this search box.

Povos indígenas de Brasil, Austrália e ilhas do Pacífico anunciam aliança na COP29

Lideranças indígenas brasileiras veem Troika Indígena como passo positivo para qualificar negociações da Conferência do Clima (COP).
A ministra dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara, fala durante painel na COP29, em Baku, Azerbaijão, 13 de novembro de 2024

Foto: Vinicius Martins/Alma Preta

14 de novembro de 2024

Baku – Representantes de povos originários e ativistas se reuniram nesta quarta-feira (13), no pavilhão da World Wildlife Fund (WWF), na Conferência do Clima, para anunciar a criação da Troika* dos Povos Indígenas.

A articulação pretende reunir povos indígenas de Brasil, Austrália e ilhas do Pacífico e é baseada na Troika das Presidências da COP, formada pelos presidentes da conferência anterior, da atual e da seguinte, as COPs 29 (Azerbaijão), 30 (Brasil) e 31 (Austrália), respectivamente.

Quer receber nossa newsletter?

Você encontrá as notícias mais relevantes sobre e para população negra. Fique por dentro do que está acontecendo!

O objetivo da aliança intercontinental é garantir um diálogo global e que a perspectiva dos povos originários seja prioritária nas negociações climáticas. A iniciativa tem no horizonte a possibilidade de que representantes indígenas possam compor uma copresidência das próximas edições da conferência.

No evento de lançamento, o Brasil teve representação da ministra dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara, e de Sineia do Vale Wapichana, presidenta do Fórum Internacional dos Povos Indígenas em Mudanças Climáticas.

Palestrantes falam durante painel da COP29, em Baku, Azerbaijão,13 de novembro de 2024
Palestrantes falam durante painel da COP29, em Baku, Azerbaijão,13 de novembro de 2024 (Foto: Vinicius Martins/Alma Preta)

Além das brasileiras, compuseram o anúncio Maina Talia, ministro de Assuntos Internos, Mudança Climática e Meio Ambiente de Tuvalu, Daria Egereva, representante do Fórum Internacional dos Povos Indígenas em Mudanças Climáticas e Alopi Latukefu, membro do Centro Edmund Rice de Justiça e Educação Comunitária da Austrália.

“Eu vejo Troika Indígena como um espaço para fortalecer outros espaços que já existem, como Caucus Indígena*. A participação dos povos indígenas tem fortalecido as proposições que são levadas nesse processo de negociação e a Troika nasce desse processo de acúmulo de experiência”, afima Joenia Wapichana, presidenta da Funai e uma das presentes no evento.

Em entrevista para a Alma Preta, a ministra dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara ressaltou o potencial da iniciativa às vésperas da COP 30, que será sediada pelo Brasil.

“O movimento indígena agora também traz essa proposta inovadora e é muito importante o seguimento nas discussões, para monitorar as propostas apresentadas e também garantir a implementação dos acordos e das metas assumidas na COPs”, afirma.

A ministra também destacou que o número de indígenas em participações nas Conferências do Clima cresceu e vê um bom cenário para a próxima edição, em Belém. “Queremos ter a melhor participação indígena de todas as COPs”, afirma.

Por uma COP indígena

A região norte do Brasil, cenário da próxima edição da conferência, abriga 44,48% da população indígena do país, um total de 753 mil pessoas. Na esteira da troika anunciada nesta quarta, Guajajara pontua que há uma articulação para viabilizar credenciais especiais para garantir a presença dos povos indígenas na edição brasileira. 

“Nós estamos articulando diferentes setores para garantir, pelo UNFCCC [Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima], o reconhecimento da participação indígena como uma categoria especial, assim como o Acordo de Paris reconheceu os indígenas com conhecimento tradicional e conhecimento próprio”, explica.

A presidenta da Funai, Joenia Wapichana, durante a COP29, em Baku, 13 de novembro de 2024
A presidenta da Funai, Joenia Wapichana, durante a COP29, em Baku, 13 de novembro de 2024 (Foto: Vinicius Martins/Alma Preta)

Para Joenia Wapichana, esse reconhecimento torna-se fundamental diante de uma articulação ao nível global, como a troika.

“Há um potencial muito grande em estratégias de enfrentamento da crise climática. A gente vê como é importante manter a demarcação das terras indígenas, porque a floresta em pé é uma das formas que o carbono é sequestrado. Ou seja, nós não podemos deixar de fora as proposições dos povos indígenas, que são os guardiões tanto da biodiversidade, mas também do carbono”, reflete. 

*Troika – conjunto de três pessoas ou coisas; trinca, trio.

*Caucus Indígena — reúne mais de 500 representantes indígenas e de comunidades tradicionais do mundo para garantir participação desses atores em negociações internacionais.

  • Vinicius Martins

    Jornalista formado pela Universidade Estadual Paulista (Unesp). É sócio e cofundador e diretor multimidia da Alma Preta Jornalismo. Antes, foi jornalista de vídeo na Folha de S.Paulo e gestor multimeios no Instituto Vladimir Herzog.

Leia Mais

PUBLICIDADE

Destaques

AudioVisual

Podcast

papo-preto-logo

Cotidiano