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Professora denuncia racismo e intolerância religiosa em escola na Bahia

Sueli Santana, docente e makota do Candomblé, denuncia agressões físicas e verbais de alunos por ensinar cultura afro-brasileira
Imagem da professora e religiosa do Candomblé, Sueli Santana, que sofreu agressões físicas e verbais em aula após tentar lecionar conteúdo relacionado à cultura afro-brasileira na Escola Municipal Rural Boa União, no distrito de Abrantes, em Camaçari.

Foto: Reprodução/Farol da Bahia

26 de novembro de 2024

A professora Sueli Santana, da rede municipal de ensino de Camaçari, na Região Metropolitana de Salvador, relatou ter sido vítima de racismo e intolerância religiosa na Escola Municipal Rural Boa União, no distrito de Abrantes. Makota do Terreiro Lembarocy, Sueli foi alvo de agressões verbais e físicas após ministrar uma aula sobre cultura afro-brasileira vestindo trajes tradicionais do Candomblé.

Segundo a educadora, as agressões começaram no início do ano letivo e incluíram ataques por parte de alunos com idades entre 10 e 12 anos, todos da mesma família. Eles se recusaram a participar das aulas previstas pela Lei 10.639/2003, que torna obrigatório o ensino da história e cultura afro-brasileira em escolas. 

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Os insultos proferidos incluíram termos como “bruxa”, “demônia” e “satanás”. Em um episódio ainda mais grave, alunos chegaram a apedrejá-la.

Uma aluna também teria declarado que “a única coisa que os negros trouxeram para o Brasil foi a macumba e a maconha”, evidenciando o preconceito enraizado no ambiente escolar. Para Sueli, o caso reflete o racismo estrutural da sociedade brasileira. As denúncias foram formalizadas junto à Polícia e ao Ministério Público.

Repercussão e solidariedade

O episódio gerou ampla repercussão e foi repudiado por entidades e autoridades. A Central Única dos Trabalhadores da Bahia (CUT-BA) classificou o ato como “bárbaro” e cobrou a responsabilização dos envolvidos. Em nota, a entidade destacou a necessidade de medidas que garantam segurança e inclusão no ambiente escolar, além de ações educativas para combater o racismo e a intolerância religiosa.

“A CUT-BA exige que os responsáveis sejam identificados e responsabilizados com rigor. É urgente que a gestão escolar e os órgãos competentes tomem medidas efetivas para assegurar um ambiente respeitoso e inclusivo nas escolas”, afirma o texto.

Carla Fagundes, dirigente do Sindicato dos Professores da rede pública de Camaçari, lamentou o ocorrido durante o Novembro Negro. “A educação de Camaçari foi profundamente marcada por este triste episódio de racismo”, declarou em uma publicação no Instagram.

A vereadora Marta Rodrigues (PT-BA), presidente da Comissão de Direitos Humanos e de Defesa da Democracia da Câmara Municipal de Salvador, também manifestou solidariedade à educadora. “Todo meu respeito à Ekedi Sueli, que enfrenta o desafio de ensinar em um ambiente de racismo cotidiano. É urgente que as instituições de ensino promovam ações efetivas contra a discriminação, conforme previsto na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB)”, afirmou em nota.

Para a parlamentar, o caso evidencia lacunas no cronograma pedagógico e a necessidade de uma educação antirracista nas escolas brasileiras. “O racismo estrutural opera em qualquer lugar. Por isso, a Lei 10.639/2003 é essencial para desconstruir preconceitos e valorizar a história afro-brasileira em nossa sociedade”, concluiu.

A Secretaria de Educação de Camaçari tal qual a Prefeitura do município foram procurados pela a Alma Preta, mas não houve retorno até a publicação deste texto. O espaço segue aberto.

  • Giovanne Ramos

    Jornalista multimídia formado pela UNESP. Atua com gestão e produção de conteúdos para redes sociais. Enxerga na comunicação um papel emancipatório quando exercida com responsabilidade, criticidade, paixão e representatividade.

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