Estudantes, movimentos negros e organizações da sociedade civil realizam um ato nesta quarta-feira (23) no Shopping HIgienópolis, em São Paulo, em resposta a uma abordagem racista contra adolescentes negros.
O caso ocorreu na tarde do dia 16 de abril, quando dois adolescentes negros, alunos do Colégio Equipe, localizado nas proximidades, foram alvo de uma abordagem racista ao irem almoçar no shopping.
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Segundo relatos, uma jovem branca teria sido abordada pelo segurança, perguntando se os adolescentes estariam incomodando e pedindo dinheiro no estabelecimento.
A família de um dos adolescentes, de apenas 12 anos, registrou um boletim de ocorrência contra o centro comercial. O caso é investigado pela Polícia Civil de São Paulo.
Em comunicado, o centro comercial alegou que a atitude adotada “não reflete os valores do shopping e o tema está sendo tratado com máxima seriedade”.
Também relatou que há uma grade de letramentos voltada aos profissionais, que será reforçada para a “construção de um espaço verdadeiramente seguro e acolhedor para todas as pessoas”, disse o shopping.
O colégio Equipe se manifestou em repúdio aos ataques e relatou o ocorrido. “Além da abordagem injustificável, os jovens foram advertidos pelos funcionários do shopping com menções à proibição de ‘pedir esmolas no recinto’, numa clara demonstração de preconceito e discirminação racial”, afirmou.
Para a escola, o caso evidencia o racismo estrutural. “Lamentamos que, em pleno 2025, ainda sejamos obrigados a proteger nossas crianças e adolescentes de violências que decorrem do racismo estrutural. Um espaço em que jovens negros são constantemente vigiados, questionados ou tratados como ameaça não pode ser considerado seguro para ninguém”, disse.
Além disso, a escola informou que propõe medidas para coibir essas atitudes, contando com equipes formadas e capacitadas em letramento racial.
Shopping tem histórico de racismo
O Shopping Higienópolis acumula denúncias por abordagens discriminatórias. Em 2017, o artista plástico Enio Squeff denunciou a abordagem de um segurança quando estava jantando com o filho, na época com sete anos de idade. O funcionário alegou que a criança negra era um “pedinte”.
No ano seguinte, o auxiliar administrativo Anderson Nascimento relatou que o filho, com 14 anos, foi repreendido por um segurança que teria mandado o adolescente tirar as mãos dos bolsos.