Entre os anos de 2012 e 2023, a renda média do trabalho principal de pessoas negras correspondeu a 58,3% do rendimento das pessoas brancas no Brasil. As informações são do novo levantamento do Centro de Estudos sobre Desigualdades Raciais (CEDRA), divulgado na última quinta-feira (20).
A pesquisa foi elaborada com base na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNADc), do Instituto Nacional de Geografia e Estatística (IBGE). De acordo com o CEDRA, a disparidade registrou uma redução de apenas 1,2 pontos percentuais ao longo do período analisado, que soma 11 anos.
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Em 2012, negros e brancos possuíam o rendimento médio de, respectivamente, R$ 1.049,44 e R$ 1.816,27, representando uma diferença de 57,8%. Já em 2023, os valores foram de R$ 2.199,94 e R$ 3.729,96, com uma variação de 59%.
Nos domicílios compostos apenas por pessoas negras, cuja responsável era uma mulher negra, a renda média foi de R$ 1.317,76 em 2023, apenas 36,7% da renda das residências sem moradores negros e chefiadas por homens não negros (R$ 3.592,40).
No primeiro ano da análise, a renda média do trabalho principal dos homens negros correspondeu a 55,4% da renda dos brancos, subindo para 57,7% em 2023. Já entre as mulheres, a renda das negras era 60,7% da renda das brancas, caindo para 59,8% em 2023.
Considerando todo o intervalo analisado, o estudo revela que a renda de homens negros e brancos ficou mais próxima, mas entre as mulheres negras e brancas a disparidade teve um leve crescimento.
Negros recebem menos em ocupações predominantemente negras, diz pesquisa
Para as ocupações predominantemente brancas, o rendimento médio das pessoas negras foi de 66,5% do valor pago às pessoas brancas. As ocupações predominantemente negras também apresentaram um percentual inferior para os negros, que receberam cerca de 74,4% do rendimento dos brancos.
Em 2023, o rendimento das ocupações predominantemente negras (R$ 1.612,83) correspondeu a 26,0% da renda de ocupações predominantemente brancas (R$ 6.193,19). E em ambos os casos, a renda média da população negra foi inferior do que a dos brancos.
No período analisado pelo levantamento, os homens negros lideraram entre os trabalhadores autônomos, somando 29,2% do total, enquanto 27,2% dos homens brancos estavam na mesma condição. Mulheres negras representaram 19,9% deste grupo e as brancas, 18,8%.