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RJ: mais da metade das vítimas de tiroteios foram atingidas em operações policiais, diz levantamento

Relatório do Instituto Fogo Cruzado indica que 404 pessoas foram vítimas de tiroteios em operações policiais nos primeiros meses de 2024
Cerca de 404 pessoas foram atingidas por disparos durante operações policiais nos primeiros meses de 2024.

Foto: Mauro Pimentel / AFP

19 de julho de 2024

Durante os seis primeiros meses de 2024, as operações policiais foram responsáveis por 55% das pessoas baleadas na Região Metropolitana do Rio de Janeiro. Os dados são do relatório semestral do Instituto Fogo Cruzado, divulgado na última quinta-feira (18).

Segundo o estudo, 732 pessoas foram baleadas no primeiro semestre, onde 404 das vítimas foram alvejadas durantes ações da polícia. Ao todo, 161 pessoas foram mortas e 243 ficaram feridas nestas condições. 

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No período observado, foram cerca de 1.346 tiroteios mapeados. Deste número, o documento indica que houve participação policial em 450 casos, o que equivale a cerca de 33% dos registros. “Em média, é como se a cada três tiroteios, um ocorresse em meio a ações/operações policiais”, diz trecho do relatório.

O número representa uma queda em relação ao mesmo recorte temporal de 2023. Dos 1.777 tiroteios registrados no primeiro semestre do último ano, 674 (38%) ocorreram em ações da corporação.

As forças policiais tiveram participação em quase 60% das chacinas cometidas até o momento. O levantamento aponta que 11 dos 19 casos ocorreram durante ações da polícia, nas quais 64 pessoas foram mortas.

A marca total de disparos na Grande Rio também apresentou uma queda de 24% em comparação com 2023, que acumulou 1.777 ocorrências nos seis primeiros meses. De acordo com o Instituto, este é o menor número de tiroteios registrados no primeiro semestre na série histórica, desde 2017.

Carlos Nhanga, coordenador regional do Instituto Fogo Cruzado no Rio de Janeiro, observa que a queda nos indicadores de violência armada é uma demonstração relevante da importância da produção de dados.

O coordenador ainda entende que, mesmo analisando a queda dos números, não se pode ignorar os “níveis inaceitáveis” de mortos e feridos durante as operações policiais.

“Basta lembrar que 58 pessoas foram vítimas de balas perdidas. Ou seja, há muito para ser feito. O Rio de Janeiro não tem, ainda, um plano de segurança pública voltado para preservar a vida e trazer mais segurança para a população”, conclui Nhanga.

O número citado pelo coordenador faz referência ao total das vítimas de bala perdida no primeiro semestre de 2024. Destas 58 pessoas, 30 foram atingidas em meio a operações, contabilizando 10 mortes e 20 feridos.

O mapeamento do Fogo Cruzado indicou que o município do Rio de Janeiro concentrou 71% dos tiroteios, 57% dos óbitos e 59% dos feridos mapeados no período observado. A Zona Norte da capital foi apontada como região com mais casos, apresentando 522 ocorrências de tiroteios. Entre os municípios da região metropolitana mais afetados estão São João de Meriti, São Gonçalo, Duque de Caxias e Nova Iguaçu.

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  • Verônica Serpa

    Graduanda de Jornalismo pela UNESP e caiçara do litoral norte de SP. Acredito na comunicação como forma de emancipação para populações tradicionais e marginalizadas. Apaixonada por fotografia, gastronomia e hip-hop.

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