A “Estação 14 Bis”, da futura Linha 6-Laranja do Metrô de São Paulo, passará a ser chamada de “Estação 14 Bis – Saracura”. A decisão foi publicada no Diário Oficial do Estado de São Paulo. O ramal, que vai conectar os bairros da Brasilândia a São Joaquim, deve ter seu primeiro trecho inaugurado em 2026.
A alteração atende a reivindicação de movimentos sociais que lutam pelo resgate da história do bairro, localizado na região central paulistana. No final do século 19, o atual bairro do Bixiga abrigava o Quilombo Saracura, batizado em referência ao córrego que o cortava, hoje canalizado sob a Avenida 9 de Julho.
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Em junho de 2022, após a construtora responsável iniciar as atividades, um sítio arqueológico com vestígios de povos negros e quilombolas foi encontrado no canteiro de obras.
As obras foram temporariamente suspensas para proteger os artefatos arqueológicos encontrados. Na época, o Instituto do Patrimônio Histórico Nacional (Iphan) alertou que as escavações não estavam sendo adequadamente preservadas na área do Sítio Saracura.
‘Não aceitamos fragmentar a história’
A construção da estação de metrô próximo à Praça 14 Bis também levou à remoção da escola de samba Vai-Vai, presente no local por 50 anos após a fundação por descendentes do quilombo.
O movimento “Mobiliza Saracura Vai-Vai” afirma em nota que a mudança do nome da estação é uma “vitória das pressões feitas desde junho de 2022 pela mobilização da comunidade, entre petições reunindo mais de 15 mil assinaturas, atos, audiências, aulas públicas, roteiros e muitas outras atividades na luta contra o projeto de apagamento histórico”.
No entanto, os manifestantes reivindicam a inclusão do nome da escola de samba na homenagem. “Não aceitamos fragmentar a história. Falar de Saracura é falar de Vai-Vai, escola que nasceu ali em 1930 continuando o legado do Quilombo, e que ocupou e preservou esse território por décadas”, acrescenta o movimento.
“Lutamos pelo nome ‘Saracura/Vai-Vai’ como parte do processo de reparação também pelos danos da atualidade – perda da quadra histórica e da articulação socioeconômica e cultural que isso significa; pela salvaguarda de um bem existente ali que é patrimônio estadual, o Samba Paulista.”
O manifesto ainda solicita a garantia de um novo espaço para a escola de samba no território e políticas de permanência contra a expulsão da população negra do bairro, “pelas quais o Governo do Estado e a Prefeitura são responsáveis”, conclui o documento.