Três homens negros registraram um Boletim de Ocorrência (BO) contra duas mulheres por injúria racial. O caso ocorreu no Condomínio Residencial Canarinho, localizado no Capão Redondo, na Zona Sul de São Paulo.
De acordo com o BO, os homens trabalhavam no condomínio no dia 26 de maio, quando foram abordados pelas mulheres, que questionaram a residência deles. Os funcionários responderam que moravam próximo ao condomínio, no bairro, e foram contratados para prestar serviços no local.
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As mulheres então afirmaram que o prédio não poderia “contratar pessoas como eles” para a realização de serviços, segundo consta no registro policial. Para as vítimas, essas afirmações foram feitas pelo fato dos funcionários morarem nas periferias e serem pessoas negras. O caso foi registrado no dia 14 de julho, às 15h, no 47º Distrito Policial (DP) do Capão Redondo.
A advogada das vítimas, Fernanda Salvatore, afirmou que os “questionamentos e afirmações das averiguadas trouxeram um grande abalo às vítimas, uma vez que alegaram que não deveriam trabalhar naquele local por se tratarem de pessoas negras”.
Segundo a defesa, o caso “trouxe uma grande repercussão às vítimas” no ambiente de trabalho, “abalando” a “autoestima e dificuldade para realizar seus trabalhos”.
Diante dos fatos, Fernanda Salvatore pediu a abertura de um inquérito policial para averiguar o caso e posterior denúncia pelo Ministério Público. No dia 18 de agosto, a juíza Carla Santos Balestreri, do Tribunal de Justiça do Estado São Paulo (TJ-SP), determinou a abertura de “vista ao Gecradi”, sigla referente ao Grupo Especial de Combate aos Crimes Raciais e de Intolerância, órgão do Ministério Público de São Paulo (MPSP).