Um dos primeiros clubes a incluir jogadores negros na equipe, Vasco da Gama apresenta uniforme com os dizeres “Preto é a nossa cor; Negra é a nossa gente”
Texto / Pedro Borges
Imagem / Divulgação
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O Clube de Regatas Vasco da Gama, um dos principais times de futebol do país, apresentou ao público no dia 29 de Abril o novo uniforme para o campeonato brasileiro de 2019. Na camiseta, há uma mão negra e outra branca se cumprimentando e a mensagem “A história mais bonita do futebol”.
A página oficial do clube divulgou um vídeo, em que apresenta todos os detalhes da camiseta feita pela empresa italiana Diadora, com a narração de um texto que ressalta a relação histórica entre o Vasco e a luta antirracista no país.
“Sempre estivemos do lado certo da história; Preto é a cor da igualdade; Negra é a nossa resistência”, diz um trecho do vídeo.
Essa não é a primeira homenagem ao povo negro feita pelo Vasco da Gama. Em 2011, o clube disputou a temporada com uma mão espalmada em preto e branco no uniforme e as palavras “Inclusão” e “Respeito”.
História do clube
Apesar de não ser a primeira equipe a incluir atletas negros no grupo de jogadores, o Vasco da Gama coleciona importantes passagens ao longo da história que permitiram a maior inclusão de negros no esporte.
A principal remonta a 1923, quando o Vasco estreou na divisão especial do campeonato carioca e faturou o título com atletas negros e brancos pobres. A reação dos principais rivais, Flamengo, Fluminense e Botafogo foi a de sair da então Liga Metropolitana de Desportos Terrestres (LMDT) e fundar a AMEA (Associação Metropolitana de Esportes Atléticos).
A nova associação criou uma série de regras para proibir a participação de atletas negros, como a necessidade de um “emprego decente”, saber ler e escrever e exigir “condições sociais apropriadas para o convívio esportivo”. Diante desses pré-requisitos, a AMEA pediu o afastamento de 12 atletas do Vasco, que não cumpriam com as exigências básicas.
O então presidente do Vasco, José Augusto Prestes enviou em 7 de Abril de 1924 um ofício que ficou conhecido como a “Resposta Histórica”, em que o clube renunciaria participar do campeonato carioca sem os atletas negros. O documento está até os dias de hoje presente na galeria de troféus do clube.
A tréplica da AMEA anunciava o desejo do Vasco da Gama construir “equipes genuinamente portuguesas” com o objetivo e demonstrar a vocação “esportiva das verdadeiras qualidades dessa raça secular”.
Para o torneio regional de 1925, houve uma nova negociação entre as duas ligas, que aceitaram a participação do Vasco da Gama no torneio e a presença de atletas negros e pobres.