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Violência policial no RJ precisa diminuir 66% para atingir padrões ‘aceitáveis’, diz estudo

Entre 2019 e 2023, as forças de segurança pública do Rio de Janeiro mataram mais de 21 mil pessoas; vitimação de negros foi 6,4 vezes maior que a de brancos nesse mesmo período
Agente da Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro (PMERJ) durante operação no complexo da Maré, na capital fluminense.

Agente da Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro (PMERJ) durante operação no complexo da Maré, na capital fluminense.

— Carl de Souza/AFP

28 de outubro de 2024

O estado do Rio de Janeiro precisa reduzir a letalidade policial em 66% para atingir uma média aceitável para uma democracia e próximo aos índices nacionais. As informações são do estudo realizado pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), que apresenta uma análise detalhada dos indicadores da polícia fluminense de 2003 a 2023. 

Conforme aponta o levantamento, na última década as forças de segurança do Rio foram responsáveis pela morte de 21.498 pessoas em intervenções policiais. Com uma população majoritariamente negra, entre 2019 e 2023, a vitimação de pretos e pardos foi 6,4 vezes superior à de pessoas brancas. Nacionalmente, pessoas negras são quatro vezes mais vitimadas pela polícia do que brancos.

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Em números gerais, 5.154 pessoas negras e 769 brancas foram mortas pelas polícias do estado neste período. Ainda segundo a pesquisa, em 2023, 99,6% das vítimas de intervenção policial eram homens, 54,5% tinham entre 12 e 24 anos e um quarto possuíam menos de 30 anos. 

O documento destaca que o perfilamento das vítimas se baseia nos casos com informações disponíveis, podendo haver subnotificação na mortalidade de jovens e adolescentes. Um quarto dos registros analisados não indicavam idade.

As localidades mais afetadas pela letalidade policial são Angra dos Reis, São Gonçalo, Niterói, Bangu, Duque de Caxias, Olaria, Jacarepaguá, Seropédica e São João de Meriti.

Série histórica de mortes em decorrência de intervenção policial

Em 2007, primeira alta registrada, as operações das polícias mataram 1.330 civis em todo o estado do Rio de Janeiro. O número seguiu em queda até a implementação da política de Sistema de Indicadores de Metas e das Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) em 2013, ano com a menor taxa de óbitos (416).

Os registros de morte em decorrência de intervenção policial aumentaram novamente a partir de 2014, atingindo a marca histórica de 1.814 ocorrências em 2019. O ano também foi marcado pela Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) nº 635, conhecida como ADPF das Favelas.

O processo corre no Supremo Tribunal Federal (STF) e visa reduzir o impacto das operações deflagradas pela Polícia Militar do Estado do Rio (PMERJ) em comunidades e áreas escolares. Desde seu início, entre 2019 e 2020, foi observada a redução de 31% na letalidade provocada pelas forças policiais. No entanto, os números voltam a crescer em 2021, com 1.356, e caem em 2023 novamente, com 871 registros.

O levantamento indica que, antes da ADPF 635, apenas duas políticas de segurança pública foram instauradas pelo governo do Rio, em 2009. Ambas foram descontinuadas quatro anos depois.

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  • Verônica Serpa

    Graduanda de Jornalismo pela UNESP e caiçara do litoral norte de SP. Acredito na comunicação como forma de emancipação para populações tradicionais e marginalizadas. Apaixonada por fotografia, gastronomia e hip-hop.

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