Pesquisar
Close this search box.

‘A gente nasceu para ocupar nosso espaço’, diz Ludmillah Anjos à juventude negra LGBTQIAPN+

Mulheres negras são protagonistas na 28ª Parada do Orgulho LGBTQIAPN+; a Alma Preta esteve no evento, que teve como mote o protesto pela diversidade no Legislativo
Imagem mostra a atriz e cantora Ludmillah Anjos, uma mulher negra e de cabelos cacheados.

Foto: Patrick Silva/Alma Preta

5 de junho de 2024

No último domingo (2), aconteceu a 28ª Parada do Orgulho LGBTQIAPN+ de São Paulo, na Avenida Paulista, com o tema “Basta de Negligência e Retrocesso no Legislativo: Vote Consciente por Direitos LGBT+”. Organizado pelo Prefeitura de São Paulo, o evento visa reafirmar as políticas de combate ao preconceito e direitos da comunidade LGBTQIAPN+.

No Centro da capital paulista, o público vestiu as cores da bandeira do Brasil, em alusão à festa da Copa do Mundo e em protesto contra o sequestro desses símbolos pela extrema-direita . O azul, o verde e o amarelo inundaram a Avenida Paulista levados por um mar de pessoas na torcida por um país mais acolhedor.

Quer receber nossa newsletter?

Você encontrá as notícias mais relevantes sobre e para população negra. Fique por dentro do que está acontecendo!

À Alma Preta, mulheres negras durante o evento, como as atrizes Ludmillah Anjos e Gabriela Loran, além da head de Diversidade e Inclusão do L’Oreal Groupe, Márcia Silveira, contaram suas impressões sobre a parada e o debate político em torno dela.

Silveira, reconhecida em 2023 como uma das 20 mulheres negras mais influentes do país, apontou que o evento é “um momento de celebração e ativismo” e ressaltou que a marca tem um compromisso com a diversidade. “A gente pode se orgulhar de ter 16% de pessoas LGBTQIAPN+ na companhia, autodeclarados, por meio de um senso que fizemos ano passado”, disse Silveira em entrevista à Alma Preta.

Segundo a representante da L’Oreal, a marca tem como principal foco a população negra.  “É falar dessas pessoas, é incluir essas pessoas. Nossa maior meta, com relação a pessoas negras, é tê-las em cargos de liderança na empresa. Somos guiados pela Mover [Movimento Pela Equidade Racial], um movimento pela equidade racial”, detalhou.

Parada LGBTQIAPN+ na Avenida Paulista, em São Paulo, em 2 de junho de 2024. (Patrick Silva/Alma Preta)

Elas são protagonistas

Uma das embaixadoras da L’Oreal no Brasil, a atriz Gabriela Loran, que atuou na novela “Cara e Coragem”, na TV Globo, e na série “Arcanjo Renegado”, no Globoplay, ressaltou à Alma Preta  a importância do protagonismo das pessoas trans. “Uma das coisas que eu mais reivindico como atriz, é, justamente, personagens em papéis de protagonismo. Não é só dar o personagem, mas botar ele em lugares de relevância.” 

Loran, mulher trans e negra, falou ainda da relevância do “aquilombamento” e de redes de apoio para o enfrentamento ao preconceito, lembrando dos riscos vividos por pessoas trans. “Toda vez que piso para fora de casa, o racismo e a transfobia estão prontos para me matar”.

Segundo Dossiê de 2024, realizado pela Associação Nacional de Travestis e Transsexuais (ANTRA), em 2023 houve um aumento de mais de 10% nos casos de assassinatos de pessoas trans em relação a 2022, fazendo o Brasil permanecer como país que mais mata pessoa trans no mundo. 

O documento afirma que “ficou evidente que o desafio de reconstruir o Brasil deve assumir — com urgência — um compromisso público com a vida das pessoas”. Nesse sentido, a Parada de São Paulo assumiu este ano a promessa de progresso nas leis que protejam e levem bem-estar para a comunidade LGBTQIAPN+.

No trio elétrico durante o evento, a atriz e cantora Ludmillah Anjos, que interpretou Crystal na série “Encantado’s”, do Globoplay, falou à Alma Preta sobre como é receber tanto reconhecimento após um trabalho árduo. “A gente nasceu para isso, a gente nasceu para estar e ocupar nosso espaço, principalmente eu, Ludmillah Anjos, que sou extremamente multifacetada. São vários nichos nos quais Deus e os Orixás estão me dando a oportunidade de desfrutar nesse momento.”

A cantora deixou ainda um recado importante para os jovens negros. “A gente só precisa ser e existir, mas não deixe de estudar, não deixe de ter conhecimento e cultura para, quando vocês estiverem no lugar que vocês almejam e merecem, vocês estarem com poder próprio de persuasão”.

  • Marina Benini

    Jornalista pela PUC-SP e estudante de Produção Editorial pela UAM. Busca na escrita o empoderamento e aquilombamento. Apaixonada por literatura e entretenimento, luta pela representatividade no meio cultural.

Leia Mais

Destaques

AudioVisual

Podcast

papo-preto-logo

Cotidiano