A escola de samba Paraíso da Tuiuti convidou a artista plástica Tadáskia para a criação de um mural de seis metros de altura em homenagem a Xica Macongo, primeira travesti não indigena do Brasil. A arte será utilizada para compor o desfile com o enredo “Quem tem medo de Xica Macongo?”, desenvolvido pelo carnavalesco Jack Vasconcelos.
A obra feita com carvão, pastel seco e spray será exposta na última alegoria do desfile. Os materiais utilizados são parte da sua identidade, com trabalhos misturados com desenho, fotografia, instalação e têxtil, que abordam paisagens inventadas e místicas.
Quer receber nossa newsletter?
Você encontrá as notícias mais relevantes sobre e para população negra. Fique por dentro do que está acontecendo!
Tadaskia é uma artista negra e trans, que ganhou destaque no ano passado após uma exposição no MoMa, em Nova York. A escolha do seu trabalho para representar a Tuiuti contribui para a apresentação com fortes temas conectados à identidade e à cultura.
A história de Xica Manicongo
Xica Manicongo é uma figura histórica, trazida do Congo para Salvador, na Bahia, para ser escravizada durante o século 16. Seu comportamento foi reprimido na época por recusar o nome e trajes masculinos. Ela foi acusada de sodomia e acabou condenada à morte pelo Tribunal do Santo Ofício, que a queimou viva em praça pública.
O enredo da Tuiuti é um questionamento para preservar a história e existência da trajetória de Xica, que se tornou um símbolo de luta para a comunidade LQBTQIAP+.
O desfile da agremiação do Rio de Janeiro contará com lideranças políticas e ativistas trans, entre elas Érika Hilton e Duda Salabert, deputadas federais; Indianarae Siqueira, fundadora da CasaNem; Keila Simpson, ativista, travesti e doutora honoris causa pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro; e Megg Rayara, pesquisadora, professora da Universidade Federal do Paraná e primeira travesti negra a alcançar o título de doutorado no país.