O artista cearense Blecaute assina a capa do novo single do rapper e ator carioca Xamã, intitulado “Catucada na Bandida”, uma obra que celebra a força e destaca a periferia de Fortaleza no cenário da arte brasileira.
A música, que traz a colaboração de O Kanalha e Marquinho no Beat, mistura batidas envolventes com muito suingue.
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“Estou muito feliz com essa oportunidade e com a arte que criei que creio ilustrar bem esse novo momento do Xamã. Estou bem feliz de mais uma vez estar fechando parceria no Rio de Janeiro e mais uma vez trazendo minha subjetividade e meus amigos juntos a mim”, afirma Blecaute.
“A arte tem uma grande potência política e vejo isso no Xamã desde os seus versos de Slam resistência, assim como vejo no Rap e no Hip Hop de um modo geral, então busco fazer Rap através do visual”, diz o artista visual.
Blecaute trouxe em sua nova obra “Baile do Malvadão” o resgate e levando para o centro do debate as periferias, identidades e culturas da população negra espalhada pelo Brasil por um viés de felicidade e liberdade.
A visão de mundo de um jovem negro e periférico
Nascido e criado no Conjunto Riacho Doce, no bairro Passaré, em Fortaleza (CE), Blecaute é artista visual e estudante de Filosofia pela Universidade Estadual do Ceará. Sua obra traz a perspectiva de um jovem negro e periférico, utilizando as artes plásticas para expressar sua visão de mundo.
Autodidata, iniciou sua trajetória na pintura digital em 2019 e atualmente transita por diversas linguagens e materiais, consolidando seu nome no cenário da arte contemporânea nacional.
O nome artístico Blecaute carrega um ato político, simbolizando o apagamento de estruturas excludentes ao “levar a escuridão a lugares antes dominados pelos ‘iluminados’”, como ele mesmo define.
Suas criações narram histórias de abundância, afeto e liberdade, quebrando estereótipos associados à população negra e periférica.
Suas obras já integraram exposições de projeção nacional, como no Museu de Arte do Rio e na Feira de Arte Contemporânea de Pernambuco (ART*PE). O artista cearense Blecaute participa da exposição coletiva “Funk: um grito de ousadia e liberdade”, no Museu de Arte do Rio, que aborda a história do funk e seus desdobramentos estéticos e políticos, com as obras “Only Colored” (2022), “Filhos de um Deus que dança” (2022) e “Festa de Preto É Pra Se Libertar” (2022).
A partir de técnicas de colagem e pintura digital, a trilogia “Festa de Preto” retrata a relação entre musicalidade e negritude, reivindicando uma narrativa de festa, de arte, de cultura.
Em 2024, Blecaute foi convidado para a 31ª edição do Prêmio da Música Brasileira, realizada no Theatro Municipal do Rio de Janeiro. O evento homenageou o ícone Tim Maia e contou com apoio da Secretaria da Cultura do Ceará através do Hub Cultural Porto Dragão.