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‘Capoeira feminista’: orquestra de berimbaus de mulheres se apresenta em Salvador

Coletivo faz show enquanto as VJs Vic Zacconi e Maribê projetam intervenções visuais sobre a fachada do Mercado Modelo
Grupo feminino de capoeira se apresenta em Salvador (BA) neste sábado (11).

Foto: Fabiola Campos

12 de outubro de 2024

Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), a capoeira, expressão secular que representa a ancestralidade de África na Bahia, é ainda um ambiente dominado por homens – assim como, aliás, o universo da arte tecnológica.

Num movimento de intervenção feminista sobre estes espaços, o SSA Mapping promove o encontro da Igbadu – Orquestra de Berimbaus de Mulheres, grupo baiano que reúne mulheres capoeiristas e percussionistas com seus berimbaus e tambores, com as VJs Vic Zacconi e Maribê, numa apresentação de música-imagem, em que intervenções visuais criadas especialmente para o show formam um espetáculo inédito.

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O público poderá ver a performance neste sábado (12), a partir das 19h, abrindo a programação de mostras do evento, que transforma o Mercado Modelo, o mais importante e famoso centro de artesanato de Salvador, em tela para mais de 50 obras de videomapping.

Uma das motivações para a realização deste encontro foi o próprio local que sedia o 5º SSA Mapping: o Mercado Modelo, edificação tombada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), fortemente ligado à história da população negra na Bahia.

A capoeira, que carrega consigo elementos fundantes da construção da identidade afro-baiana, é um dos atrativos que este ponto turístico exibe com orgulho, há muitas décadas: quem visita o espaço, certamente encontrará rodas em ação. Localizado na praça que agora leva o nome da guerreira Maria Felipa, heroína da independência do Brasil na Bahia, ao lado do Elevador Lacerda, que o conecta ao Pelourinho, o Mercado Modelo é símbolo de resistência e luta do povo baiano.

A Igbadu foi fundada por Mestra Janja, historiadora e capoeirista que se dedica aos estudos sobre as mulheres nos contextos das culturas tradicionais e populares de matrizes africanas. Sua trajetória é também marcada pelo diálogo permanente com organizações de mulheres, tanto nas lutas por autonomia e enfrentamento às violações de direitos, quanto nestes contextos tradicionais, com ênfase nos movimentos que se formam no interior da capoeira.

Janja é formada em História, mestre e doutora em Educação e pós-doutora em Ciências Sociais. É cofundadora do Instituto Nzinga de Estudos da Capoeira Angola e Tradições Educativas Bantu no Brasil, uma organização que realiza trabalhos em várias cidades brasileiras e de outros países.

“A Igbadu adentra dois espaços anteriormente tidos como de interdição às mulheres: o dos toques sagrados dos atabaques e o dos berimbaus. A gente vem transgredir essa lógica colonial, num trabalho de construção artística que envolve essas rítmicas todas que estão em nosso cotidiano na Bahia”, afirma Janja.

  • Redação

    A Alma Preta é uma agência de notícias e comunicação especializada na temática étnico-racial no Brasil.

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