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Desfile do Afoxé Filhos do Congo homenageia Mestre Didi, sacerdote do candomblé, em Salvador

O desfile promove iniciativas do empreendedorismo negro e reafirma o compromisso com a identidade e cultura afro-brasileira
Cortejo Afoxé Filhos do Congo pelos Caminhos da Independência em 2024.

Cortejo Afoxé Filhos do Congo pelos Caminhos da Independência em 2024.

— Reprodução/Redes sociais

27 de fevereiro de 2025

Há mais de 40 anos pelas ruas de Salvador, neste Carnaval o Afoxé Filhos do Congo celebra a cultura afro-brasileira com uma homenagem ao Mestre Didi, um dos mais importantes sacerdotes das religiões de matriz africana no Brasil. O circuito contará com exposição de roupas afro e alas, com início no próximo domingo (2), no Circuito Praça Castro Alves, e término na terça-feira (4), no Circuito Osmar,  em Campo Grande.

Este ano o Afoxé apresenta um desfile marcado pela memória e a espiritualidade da trajetória do Mestre Didi, por meio de referências à sua obra. O bloco exalta o papel fundamental do artista na valorização da identidade negra. 

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Deoscóredes Maximiliano dos Santos, conhecido como Mestre Didi (1917-2013), foi escritor, sacerdote e artista plástico, reconhecido pelo seu trabalho na preservação e difusão das tradições afro-brasileiras. O mestre era filho da Ialorixá Mãe Senhora, do Ilê Axé Opô Afonjá, e dedicou sua vida ao culto aos Egunguns, espíritos ancestrais cultuados no Candomblé.

Para manifestar a força dessa cultura, a Ala Especial Alapini também será destaque no desfile, reunindo participantes interessados em celebrar a memória negra. No Candomblé da nação Jeje-Nagô, o título Alapini representa o líder do culto aos Egunguns, sendo responsável pela conexão entre vivos e ancestrais. A presença da ala no cortejo reforça a importância de preservar as manifestações culturais de origem africana.

Coleção AfroCongo

O projeto também apresenta o lançamento da segunda coleção Teresa de Benguela, que surge para fortalecer a sustentabilidade e economia comunitária. As roupas da AfroCongo simbolizam a luta e o pertencimento, produzidas a partir do reaproveitamento de tecidos do Carnaval anterior, criando acessórios, roupas e adereços que podem ser utilizados ao longo do ano. 

A estilista Alice Pinto, responsável pela criação da coleção, comenta que a moda Afrocongo ressignifica o ato de vestir, trazendo referências estéticas ancestrais de volta ao cenário atual. A ação propõe um olhar sobre a afetividade da mulher negra, permitindo discutir o amor para além do sentido romântico. 

“Teresa representa essa liberdade e essa construção coletiva do afeto. No momento em que vemos nos terreiros e nas casas de umbanda casamentos com efeitos civis sendo celebrados, mas ainda marcados por trajes brancos de inspiração europeia, a nossa moda reafirma a identidade afro-brasileira. Assim nasce a coleção Teresa de Benguela, com o tema ‘Noivos e Noivas, Padrinhos e Madrinhas’, trazendo essa ancestralidade para o presente”, destaca a pesquisadora Cleia Costa. 

Além da folia, a iniciativa exalta a conexão entre moda, identidade  e resistência com o objetivo de promover o empreendedorismo negro e a autonomia financeira dos membros. No ano passado, a história de Teresa também foi retratada para resgatar histórias de personalidades negras, símbolo de luta e liberdade no Brasil.

Serviço:

Desfile do Afoxé Filhos do Congo – Carnaval 2025

Primeiro dia:

Data: 2 de março (domingo)
Horário: 16h
Local: Circuito Praça Castro Alves em Salvador

Segundo dia:

Data: 4 de março (terça-feira)
Horário: 17h
Local: Circuito Osmar Campo Grande em Salvador

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