Há mais de 40 anos pelas ruas de Salvador, neste Carnaval o Afoxé Filhos do Congo celebra a cultura afro-brasileira com uma homenagem ao Mestre Didi, um dos mais importantes sacerdotes das religiões de matriz africana no Brasil. O circuito contará com exposição de roupas afro e alas, com início no próximo domingo (2), no Circuito Praça Castro Alves, e término na terça-feira (4), no Circuito Osmar, em Campo Grande.
Este ano o Afoxé apresenta um desfile marcado pela memória e a espiritualidade da trajetória do Mestre Didi, por meio de referências à sua obra. O bloco exalta o papel fundamental do artista na valorização da identidade negra.
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Deoscóredes Maximiliano dos Santos, conhecido como Mestre Didi (1917-2013), foi escritor, sacerdote e artista plástico, reconhecido pelo seu trabalho na preservação e difusão das tradições afro-brasileiras. O mestre era filho da Ialorixá Mãe Senhora, do Ilê Axé Opô Afonjá, e dedicou sua vida ao culto aos Egunguns, espíritos ancestrais cultuados no Candomblé.
Para manifestar a força dessa cultura, a Ala Especial Alapini também será destaque no desfile, reunindo participantes interessados em celebrar a memória negra. No Candomblé da nação Jeje-Nagô, o título Alapini representa o líder do culto aos Egunguns, sendo responsável pela conexão entre vivos e ancestrais. A presença da ala no cortejo reforça a importância de preservar as manifestações culturais de origem africana.
Coleção AfroCongo
O projeto também apresenta o lançamento da segunda coleção Teresa de Benguela, que surge para fortalecer a sustentabilidade e economia comunitária. As roupas da AfroCongo simbolizam a luta e o pertencimento, produzidas a partir do reaproveitamento de tecidos do Carnaval anterior, criando acessórios, roupas e adereços que podem ser utilizados ao longo do ano.
A estilista Alice Pinto, responsável pela criação da coleção, comenta que a moda Afrocongo ressignifica o ato de vestir, trazendo referências estéticas ancestrais de volta ao cenário atual. A ação propõe um olhar sobre a afetividade da mulher negra, permitindo discutir o amor para além do sentido romântico.
“Teresa representa essa liberdade e essa construção coletiva do afeto. No momento em que vemos nos terreiros e nas casas de umbanda casamentos com efeitos civis sendo celebrados, mas ainda marcados por trajes brancos de inspiração europeia, a nossa moda reafirma a identidade afro-brasileira. Assim nasce a coleção Teresa de Benguela, com o tema ‘Noivos e Noivas, Padrinhos e Madrinhas’, trazendo essa ancestralidade para o presente”, destaca a pesquisadora Cleia Costa.
Além da folia, a iniciativa exalta a conexão entre moda, identidade e resistência com o objetivo de promover o empreendedorismo negro e a autonomia financeira dos membros. No ano passado, a história de Teresa também foi retratada para resgatar histórias de personalidades negras, símbolo de luta e liberdade no Brasil.
Serviço:
Desfile do Afoxé Filhos do Congo – Carnaval 2025
Primeiro dia:
Data: 2 de março (domingo)
Horário: 16h
Local: Circuito Praça Castro Alves em Salvador
Segundo dia:
Data: 4 de março (terça-feira)
Horário: 17h
Local: Circuito Osmar Campo Grande em Salvador