Em 27 de setembro, celebra-se o dia daquele que é considerado, nas religiões de matriz africana — como o candomblé e a umbanda —, o orixá das crianças: os Ibeji, representados por dois seres gêmeos que carregam a felicidade em seus corações e veem a vida com os olhos de criança.
Chamado por “Ibeji”, “Ibejis” ou “orixá Ibejis”, a divindade representa todas as formas de nascimento e a primeira fase da vida, sua pureza e inocência. Por isso, tudo o que se inicia, brota, a nascente de um rio, o germinar das plantas, a vontade de viver, a alegria repentina e tudo o que decorre dos sentimentos puros, nada mais é do que a energia divina do Ibeji.
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O Ibeji toma conta dos bebês até a fase da adolescência, independente do orixá que uma criança carrega, e nos conecta a nossa criança interior. Diante disso, acredita-se que a energia do orixá Ibeji está nas crianças, e que a pureza de seu espírito seja capaz de curar.
Na umbanda e no candomblé são vistos como filhos de criação de Oxum. Devido a esse fato, em rituais voltados especialmente ao orixá, costuma-se dedicar algo também aos gêmeos. A característica dos gêmeos mais particular é o seu poder de desfazer coisas realizadas por outros orixás, mas algo feito por Ibejis jamais poderá ser desfeito por nenhum outro orixá.
Entidade de grande importância para as religiões de origem africana, para o povo africano, Ibeji é sinônimo de filhos, fonte de grande alegria, pois eles são a garantia de que a sua história e de sua descendência perdurará. Por serem gêmeos, os Ibejis também representam a dualidade e a justiça.
Quando pessoas negras foram trazidos da África para o Brasil para serem escravizadas, associaram seus deuses aos do catolicismo para poderem realizar seus cultos. No sincretismo religioso, os Ibejis são relacionados com os santos Cosme e Damião, gêmeos médicos que viveram por volta de 300 d.C., também considerados no catolicismo os padroeiros das crianças.
Em algumas regiões do Nordeste, é costume fazer neste dia um prato típico chamado de Caruru dos Meninos ou Caruru dos Santos para servir às crianças. No Sudeste, também há o hábito de distribuir gratuitamente pipoca, balas e doces para as crianças.
Os Ibeji estão no inconsciente coletivo brasileiro, mas abordar o tema ainda é um desafio. Na prática, ainda existe muito racismo e preconceito ao se tratar os temas africanos e afro-brasileiros.
Nesse sentido, é preciso desconstruir a imagem do negro africano na condição de escravizado submisso e inerte. O resgate das tradições afro-brasileiras é uma demanda posta pela Lei 10.639/03, um marco na luta antirracista brasileira.
A legislação estabelece o ensino da história e a cultura afro-brasileira e ressalta a importância da cultura negra na formação do Brasil. Afinal, quando nos livramos do preconceito, fica claro notar que os Ibeji são um sinal de benção para quem os receba com felicidade.
Para celebrar a influência da cultura afro na primeira infância, a Alma Preta publicará uma série de materiais educativos durante a semana da criança, entre os dias 9 e 13 de outubro. Nossos conteúdos ficarão disponíveis em nosso site e redes sociais. Fique ligado!