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Em álbum de estreia, YOÙN vai do amor à violência urbana e esperança

Dupla, que acumula mais de 1 milhão de players no YouTube, cria ponte entre diversas sonoridades ao trazer em sua identidade vários ritmos sob uma nova perspectiva para a música brasileira

Texto: Redação | Imagem: Divulgação

Imagem da capa do primeiro álbum da dupla YOÙN, onde os músicos aparecem segurando uma guitarra e um violino

22 de abril de 2021

Como um potente grito de qualidade musical, estética, ocupação de lugares diversos e conquista de públicos distintos, com 12 faixas autorais, o primeiro álbum da dupla YOÙN chega às plataformas digitais nesta sexta-feira (23). Assinado pelos músicos Shuna e Gian Pedro, naturais de Nova Iguaçu (RJ), “BXD In Jazz” traz um som melódico que mistura jazz, soul, trap, dando sempre destaque na percussão, que os conecta com as suas raízes afro-brasileiras. O lançamento é acompanhado do videoclipe “Follow Me”, música de trabalho do compilado artístico.

“As expectativas para a estreia do disco são altas. Desde o nosso primeiro lançamento, ‘Meu Grande Amor’, estamos cativando um público fiel que responde positivamente à nossa arte e músicas. Lançamos mais músicas que nos deram consistência e agora tanto público quanto crítica esperam uma movimentação mais efetiva do nosso som”, afirma Gian Pedro.

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“O álbum vem para finalizar essa etapa, inserir um flow contemporâneo que pode definir uma nova fase na música brasileira e uma nova linguagem, onde acreditamos que o público pode consumir nossa música sem medo de uma sofisticação ou estética diferentes”, completa Shuna.

O disco traça em sua linha narrativa a história desses dois jovens pretos e periféricos, que estão em busca de reconhecimento como artistas em meio a um turbilhão de situações que determinam seu crescimento. Shuna e Gian Pedro se conheceram na escola, tiveram o metrô como única forma de se expressarem para o mundo e hoje completam um ciclo de correria e talento, tudo em meio a um caos mundial.

A produção musical é de Júlio Raposo, Lux Ferreira e Thiago Dom em co-produção com a equipe JOINT – Carlos do Complexo, Dudu Kaplan e Junior Neves. A direção musical é de Júlio Raposo em parceria com os artistas Shuna e Gian Pedro e a produção executiva pelo selo carioca JOINT e Pedro Bonn.

Um campo de golf apenas com pessoas pretas

A “Follow Me”, música escolhida para ser a faixa principal do primeiro álbum de YOÙN, traz uma sonoridade mais radiofônica e, segundo a dupla, “tem uma ótima energia para se conectar com o público, cativando mais pessoas a conhecer o nosso trabalho”.

Com a intenção de recriar o cotidiano vivido pelos músicos, o clipe que também estreia nesta sexta-feira (23) provoca uma reflexão ao ocupar um campo de golf com apenas pessoas pretas, geralmente distanciadas desse ambiente majoritariamente branco e elitista. No vídeo, a dupla desfruta de toda alegria e prosperidade advindas do sucesso de seu trabalho, jogando para o público uma imagem de confiança e poder, extremamente necessários nos tempos atuais. 

Unindo o passado ancestral e o presente caótico da pandemia, Shuna e Gian Pedro buscam mostrar através dos figurinos coloridos cheios de personalidade e de expressão, a força e a potência do jovem negro no Brasil que corre, se entrega e vence mesmo diante dos obstáculos diários.

Álbum vai do amor à violência cotidiana e esperança

De maneira sofisticada, “BXD in Jazz” aborda temas sensíveis e urgentes na vida cotidiana da população negra do país. Neste raciocínio, temas como amor, relações, violência urbana e esperança aparecem para jogar uma reflexão e conectá-las com as novas descobertas feitas pelos músicos, que demonstram uma mudança nos embalos e nos estilos para um próximo trabalho. Todo este ciclo que gira entre violino, guitarra, bateria e teclado traz um som moderno que se conecta com a criação de uma estética única que define o YOÙN.

A faixa “Intro” está conectada com a última música do álbum e traça essa narrativa da influência em várias famílias sonoras. O single enfatiza alguns ritmos pretos que mudaram a cultura pop com arranjos vocais que servem de apresentação ao trabalho como um todo. Em seguida, a canção “Só Love”, hit já conhecido da dupla, que externaliza um bom sentimento ao se relacionar com alguém especial e também recorda os tempos em que tocavam no metrô.

A inédita “Difícil Explicar”, também criada nos tempo de apresentações nas ruas, carrega diversas referências, com sonoridade mais underground, riffes de guitarra, camas harmônicas de violino e uma produção com groove marcante. “A composição teve origem em um momento bem peculiar que tivemos nos tempos de trem/metrô. Era um dia de sexta-feira, todos os artistas se reuniram na Central do Brasil pra partir pra Lapa. Esse dia foi muito marcante pra gente, cantamos na escadaria de Selarón para um público bem legal. Demos as mãos, oramos, cada um na sua religião. Foi lindo”, comenta Shuna.

Música de destaque do álbum, o lançamento “Follow Me” dialoga com o cotidiano de vida do duo e traz uma visão ampla e esperançosa, com fortes referências da cultura pop atual. A quinta faixa é “Meu Grande Amor”, o primeiro grande sucesso de YOÙN com 1 milhão de views no YouTube, e que marca o início dessa trajetória. A inspiração da letra é a namorada de Shuna.

As idas e vindas de uma grande paixão são descritas na inédita “Só (Vida Que Eu Levo)”. Com leveza das cordas de violão e piano e letra sentimental, a música busca tocar a mente e os corações de quem já entendeu que, às vezes, é melhor estar sozinho. Transitando entre o ijexá e a bossa nova, com um final que caminha pelo experimental e psicodélico, a faixa “Jazz” apresenta leveza e busca sorrisos nos corações de quem ama. Os arranjos de cordas determinam a energia da música, que ganha participação da bateria de Thiago Dom.

Já “Inébrios”, chega com uma carga de ironias com o uso de metáforas que dão o tom para uma letra dedicada àqueles que se permitem transcender. A percussão aprofunda nas raízes do duo, com inserções suaves de teclado e sintetizadores bem específicos como o modelo Roland Juno 106, lançado no ano de 84 e que traz com ele o som e ambientação da década.

Com referências de Philip Neo a Rincon Sapiência, “Welcome” é uma das preferidas do duo. Com situações do dia a dia, contempla desde o espaço físico em que Gian Pedro cresceu até o prazer de degustar um biscoito recheado. Tudo isso permeado de melodia criada com bases no trompete e guitarras. Já no caminho do fim do álbum, é a vez da também já conhecida do público “Nova York” ocupar espaço no compilado. A letra, que reforça sonhos e vontades da dupla, chama atenção para o quebra cabeça do refrão.

“O sonho americano sempre foi algo muito cobiçado e trouxemos isso com a hipótese de viver um amor em NY seria incrível. Quando componho, gosto de pensar como se na hora que estou escrevendo, o próprio Djavan estivesse ali. Com isso vieram palavras como (ardor) que muitos cantam ‘a dois’ e metáforas como All Star 99”, explica Shuna.

“Se Foi” traz a mensagem de despedida, mas de uma óptica madura: pode ser de corações apaixonados ou a perda de algum ente querido, mas também com uma visão de amor próprio. Para fechar, “Cores e Peles”, reforça a insatisfação com o sistema brasileiro, abordando temas como o racismo e o machismo – entre as referências, o caso do carro branco alvejado em uma ação da polícia militar, que confundiu com criminosos e acabou com uma família em Deodoro, na Zona Norte do Rio, em 2019. Leo Gandelman faz participação especial com arranjo de flauta e leads de saxofone.

A canção ganhou uma parte “B”, com uma canção criada em parceria com Guilherme Salgueiro. “A última música dá a intenção do álbum. O som de abertura conecta o público com essa narrativa e as músicas ao longo do disco jogam o público para a estética final. De cima para baixo a gente precisa implementar os nossos pensamentos e quem nós somos. Tudo isso mostra a nossa raiz, que vem da igreja e de sons externos, e a última faixa mostra uma grande libertação e vontade de conhecer as nossas raízes pretas”, detalha Shuna.

“A última faixa foi escrita depois do assassinato do músico Evaldo Rosa, em um fuzilamento sem sentido. Ela mostra uma força política e vontade de usarmos essa música para falarmos sobre pautas mais sensíveis. Conectamos essas pautas com as nossas novas descobertas e raízes”, acrescenta Gian Pedro.

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Os músicos Shuna e Gian Pedro formam a dupla YOÙN. Foto: Gravação do clipe de “Follow Me”/Pedro Napolinário

De amigos de infância à mais de 1 milhão de players

Amigos de infância, Shuna (Alisson Jazz) e Gian Pedro nasceram em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense (RJ), e começaram suas formações musicais na igreja. A união das harmonias vocais e o violino de Gian Pedro, com o violão e guitarra de Shuna, YOÙN cria ponte entre diversas sonoridades ao trazer em sua identidade R&B, rap, jazz, soul, trap e os ritmos urbanos cariocas.

A dupla começou a se apresentar entre as estações de Nova Iguaçu e Central do Brasil em 2017, na linha Japeri, uma das mais populares e caóticas do sistema de trens do Rio de Janeiro. Com mais de 1 milhão de views do clipe “Meu Grande Amor” no YouTube, a dupla conquistou seguidores e fãs de maneira orgânica a partir de seus trabalhos como artistas de rua.

As referências artísticas de YOÙN aliadas com as vivências mais variadas dos artistas se tornaram referências na cultura jovem contemporânea, que inclui música, moda e consumo. Na carreira, já colecionam parcerias com artistas como Delacruz, Tuyo e também já lançaram o documentário com três episódios “YOÙN – Da Baixada Pro Mundo”. Em 2020, lançaram “Besteiras” em parceria com Gilsons. O duo foi indicado ao Prêmio SIM 2021 como artista revelação.

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