Um encontro para discutir as narrativas literárias que se veem nas obras das autoras negras Elizandra Souza, Mel Lisboa, Lívia Natália e Conceição Evaristo será ministrado por Cristiane Sobral. A oficina Mulheres na Literatura Negra Brasileira pretende proporcionar práticas, reflexões e fomentar processos criativos e de construção da identidade de escritores iniciantes ou atuantes no mercado literário.
Feita em parceria com a plataforma online de disseminação de conhecimentos por pessoas negras Ative a Cidadania, a formação pretende dar visibilidade às autoras negras brasileiras e suas estéticas. O workshop acontece nos dias 10 e 11 de fevereiro e as inscrições já estão abertas.
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É a primeira vez que Sobral investe em uma discussão que se utiliza da obra de outras autoras. Professora, dramaturga e escritora, ela já tem 11 livros publicados e possui uma editora chamada Aldeias de Palavras, criada em 2020.
“Nós publicamos textos, contos e ontologias que seriam resultado das oficinas de escrita criativa que temos feito”, diz a professora.
Carioca radicada em Brasília, Cristiane Sobral enfrentou diversas dificuldades para se tornar a profissional que é hoje. Uma mulher negra de origem periférica, que teve sua trajetória pautada nas escolas públicas, aos dezesseis anos ingressa no Ensino Superior, e torna-se a primeira atriz negra a se formar em Interpretação Teatral pela Universidade de Brasília, onde hoje é doutora. Hoje é professora da Secretaria de Educação do Distrito Federal, dramaturga, escritora e atriz.
“Meu impulso foi a ausência. Minha vida foi muito difícil e, ao me ver em uma posição de destaque não via outras mulheres negras nos espaços. Notar essas ausências me mobiliza”, diz Sobral.
Seu primeiro livro individual, ‘Não vou mais lavar os pratos’, foi lançado em 2010, com poemas de impacto. Aquele que dá nome ao livro mostra a realidade de uma mulher que descobre o prazer na literatura e tudo o que a educação lhe proporciona e só decide quebrar as normas de uma vida cheia de padrões impostos pela sociedade à uma dona de casa.
“Um não sabia a potência que esse livro era. Até hoje esse é o livro que eu mais vendo. Para lançá-lo de forma independente a gente teve que fazer uma campanha online na internet. Hoje, ele ainda é uma obra que não tem editora e já está na sua 4ª edição”, afirma a escritora.
Essa mesma preocupação em articular questões de gênero e etnicidade está presente em seu segundo livro – ‘Espelhos, miradouros, dialéticas da percepção’, de 2014, em que apresenta narrativas curtas voltadas para os dramas cotidianos da juventude negra e periférica. A temática continuou durante os outros nove títulos que publicou.
Recentemente, a Cristiane Sobral lançou, pela editora Male, sua 11ª obra com 15 contos, o ‘Amar antes que amanheça’, em que faz uma reflexão sobre os diversos tipos de amor. Já pela Aldeia de Palavras, ela lançou o ‘Pretos em Contos’. Os trabalhos podem ser adquiridos pelas redes sociais da autora.
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