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Líder da Revolta da Chibata será homenageado em enredo da Tuiuti

A história do marinheiro que ficou conhecido como "Almirante Negro", será enredo do Paraíso do Tuiuti, que abre os desfiles do Grupo Especial do Carnaval do Rio de Janeiro na segunda-feira (12)
Adalberto Cândido, filho de João Cândido, posa para foto em frente à casa de seu pai, no subúrbio do Rio de Janeiro, Brasil, em 30 de janeiro de 2024. Este ano, o Paraíso do Tuiuti homenageia João Candido, integrante da Marinha Brasileira que liderou uma revolta em 1910 contra as condições análogas à escravidão que os negros enfrentavam servindo a bordo dos navios de seu país.

Foto: Joshua Berger/AFP

11 de fevereiro de 2024

Entre as 12 escolas que desfilarão pelo Grupo Especial no Sambódromo Marquês de Sapucaí, no Rio de Janeiro, a Paraíso do Tuiuti se destaca este ano ao homenagear João Cândido, o Almirante Negro que liderou a Revolta da Chibata em 1910, protestando contra as terríveis condições enfrentadas por pessoas africanas a bordo.

Apesar de ser um episódio frequentemente esquecido, os membros da Tuiuti afirmam que o racismo e as injustiças que Cândido enfrentou ainda estão presentes na sociedade brasileira atual.

“Ainda sofremos discriminação… Estamos conquistando alguns direitos, mas é um processo lento”, disse Simone Soares do Nascimento, durante um ensaio da escola, enquanto se preparava para desfilar radiante de lantejoulas.

Adalberto, o único filho vivo de Cândido, desfilará com a Tuiuti, que abre os desfiles do Grupo Especial na segunda-feira (12). No mesmo dia, passarão pela avenida as agremiações Mocidade, Portela, Unidos de Vila Isabel, Mangueira e Unidos do Viradouro.

O papel de Cândido será representado por Max Ângelo dos Santos, um entregador negro que ganhou destaque no ano passado após ser agredido com chicotadas com uma colheira de cachorro por uma mulher da Zona Sul do Rio de Janeiro. 

Almirante Negro

João Cândido, filho de ex-escravos, nasceu em 1880 e ingressou na Marinha aos 14 anos. Em 1910, liderou a Revolta da Chibata, um marco na luta contra as condições desumanas enfrentadas pelos marinheiros negros. Após a abolição da escravidão em 1888, os soldados negros ainda eram maltratados e recebiam salários baixos.

O episódio da revolta, onde mais de 2 mil marinheiros se amotinaram sob o comando de Cândido, resultou na abolição das punições com chibatadas. Porém, muitos envolvidos foram detidos ou executados.

Apesar das dificuldades, Cândido continuou lutando pela justiça. Sua vida na pobreza só foi reconhecida após sua morte em 1969. Em 2008, recebeu anistia póstuma e uma estátua em sua homenagem foi transferida para locais mais proeminentes no Rio de Janeiro.


Recentemente, procuradores solicitaram à Marinha uma indenização para sua família. Seu filho, Adalberto, expressou gratidão pelo reconhecimento tardio do legado de seu pai.

  • Giovanne Ramos

    Jornalista multimídia formado pela UNESP. Atua com gestão e produção de conteúdos para redes sociais. Enxerga na comunicação um papel emancipatório quando exercida com responsabilidade, criticidade, paixão e representatividade.

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