Alex Pereira Barbosa, mais conhecido pelo nome artístico MV Bill, completa 50 anos nesta quarta-feira (3). Nascido no Rio de Janeiro, em 1974, no bairro Cidade de Deus, o rapper é dono de sucessos como “Estilo Vagabundo”, “Só Deus Pode Me Julgar” e “Aulas e Palestras”.
MV Bill iniciou a carreira na música em 1988, quando passou a escrever sambas-enredo para seu pai, mas migrou para o rap em 1993, quando formou o grupo de rap “Geração Futuro“. Foi em 1998 que o artista lançou o seu primeiro álbum, intitulado “Traficando Informação”, que contou com a faixa “Soldado do Morro”, um marco na carreira do carioca que atingiu o sucesso nacional.
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Apesar de seus raps em geral abordarem a desigualdade social, a violência policial e a segregação racial e falta de perspectiva que os jovens negros enfrentam nas favelas do país, MV Bill aponta em suas músicas para diferentes facetas do racismo e seus efeitos.
O apelido “Bill” veio quando o artista tinha apenas oito anos, em referência a um rato das figurinhas de chiclete da Copa do Mundo FIFA de 1982. A sigla “MV” surgiu mais tarde, em 1991, quando um grupo de idosas evangélicas da Cidade de Deus o rotularam como “Mensageiro da Verdade”, pelo modo como transmitia a realidade das favelas.
Além de cantor, o artista também é conhecido pelos trabalhos como ator, cineasta, escritor, dançarino e ativista social. Por conta do trabalho realizado na área de desenvolvimento social junto a juventude, o rapper recebeu o prêmio de Destaque da Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) de 2004, ano em que também foi escolhido como um dos rappers mais politizados dos últimos dez anos pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco).
Em 2005, MV Bill escreveu o livro “Cabeça de porco” e participou da produção de “Falcão: meninos do tráfico” (2006). A publicação virou um documentário sobre a vida dos jovens que trabalham monitorando os acessos aos morros para comunicar ao comando local a entrada de policiais ou facções adversárias. Durante as filmagens, o rapper foi preso por policiais. Uma sequência do material foi lançada em 2007, com o título de “Falcão: Mulheres e o Tráfico”.
O rapper é um dos idealizadores da Central Única das Favelas (Cufa), organização reconhecida por seus projetos culturais, esportivos, políticos e sociais como a Taça das Favelas e o Festival de Hip-Hop Hutúz.
Além disso, MV Bill também integrou a primeira formação do Conselho Curador da Empresa Brasil de Comunicação (EBC), órgão com representantes da sociedade civil para debater os conteúdos. O conselho foi extinto em 2016, por medida provisória, após o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT).
Em seu trabalho mais recente, “A vida me ensinou a caminhar” (2023), MV Bill fala sobre a sua trajetória. A obra, produzida durante a pandemia de covid-19, é composta por 27 crônicas que remontam a carreira de MV Bill e, de pano de fundo, faz um painel do movimento Hip-Hop do Rio de Janeiro.
“A vida me ensinou a caminhar/ Saber cair depois se levantar/ O tempo não me espera/ Não há espaço pra chorar/ Andei no escuro e agora vou brilhar”, diz um trecho do livro.