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Produtora histórica no audiovisual do rap brasileiro ressurge em releitura de ‘Voz Ativa’

20 de agosto de 2020

Após dez anos de hiato, uma das propostas da Sindicato Paralelo é denunciar as desigualdades latentes no Brasil

Texto: Juca Guimarães I Edição: Nataly Simões I Imagem: Divulgação

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A produtora Sindicato Paralelo ficou cerca de dez anos em recesso até surgir a proposta do rapper Dexter de fazer uma releitura da música “Voz Ativa”, considerada um clássico dos Racionais MC’s, e que será lançada em 21 de agosto, acompanhada de um videoclipe.

“A Sindicato Paralelo é 100% autoral e ativista. A gente precisa gostar para fazer. A ideia é denunciar a desigualdade, o racismo, a homofobia e o machismo. A situação do país deixa a gente invocado e nós queremos comprar brigas”, afirma Roberto Oliveira, sócio da produtora ao lado do irmão João Wainer, que é um dos diretores do videoclipe.

A história da empresa começou, em 1999, nos bastidores de um programa de TV em São Paulo e que Oliveira era produtor. Lá, o profissional conheceu o rapper MV Bill, e de uma conversa nasceu uma amizade e em seguida um convite para realizar o videoclipe da música “Soldado do Morro”. Gravado na Cidade de Deus, no Rio de Janeiro, o clipe aborda o cotidiano dos jovens que trabalham para o tráfico de entorpecentes.

“A polícia escrepou tentando enquadrar o trabalho como apologia ao crime. A mídia também fez barulho, mas na verdade é uma denúncia”, diz Oliveira sobre o trabalho que ganhou o MTV Awards de 2001 como melhor videoclipe de Rap e o prêmio Hútus.

A oportunidade de trabalhar com um rapper em ascensão em um projeto polêmico caiu como uma luva nos planos dos irmãos e sócios para sacudir a produção audiovisual no Brasil e mostrar realidades pouco visibilizadas.

Como fotógrafo, Wainer já tinha feito mais de 40 capas de álbuns de Rap nos anos 90. “Fiz as capas do 509-E, dos dois primeiros discos do Rappin’ Hood, SNJ, entre tantos outros. Todo mundo que me chamava, eu ia lá e fazia a capa. Eu acompanhava de perto a cultura hip-hop”, conta.

A proximidade de Wainer com os grupos ajudou a fortalecer a cena do rap nacional. Quando não estava fazendo as capas, a produtora emprestava os equipamentos para gravar os trabalhos de grupos como De Menos Crime e Facção Central.

Entre 2001 e 2007, a produtora gravou alguns DVDs como “Mil Trutas. Mil Tretas”, dos Racionais MC’s; Festa 100% Favela, do Negredo; Trilha Sonora do Gueto, entre outros. “Foi um período muito bom”, lembra Oliveira.

Ainda 2005, os irmão e sócios também produziram o videoclipe “Us Guerreiro”, do rapper Rappin Hood, gravado no Quilombo de Ivaporunduva, no Vale do Ribeira, interior de São Paulo. O projeto mostra com integridade e sensibilidade o modo de vida das comunidades quilombolas, que resistiram durante séculos na luta por liberdade.

“Foi demais a experiência de ir no quilombo. Conhecer aquele quilombo lindo e retratar a história linda do povo preto, do povo negro no Brasil. Foi uma carta que eu deixei para o meu filho Martin. Foi uma honra trabalhar com o Roberto e o João lá. Espero fazer mais trabalhos com eles”, afirma Rappin Hood.

Em 2006, a Sindicato Paralelo esteve por trás da produção do documentário “A Ponte”, sobre a desigualdade na Zona Sul de São Paulo e a revolução social causada pela Casa do Zezinho, projeto da própria comunidade que atende mais de 1 mil crianças e adolescentes diariamente com atividades de lazer e educação.

No ano seguinte e até 2009, a produtora também realizou o premiado documentário “Pixo”, um produto derivado do livro “Tsss! A Grande Arte da Pixação”. O documentário teve colaboração do videomaker e pixador Cripta Djan.

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