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Música negra tem o poder de educar sobre o antirracismo e empoderar as pessoas

A música é uma ferramenta de expressão para artistas negros desde sempre, seja para aliviar suas dores, ou até mesmo comemorar pequenas vitórias cotidianas

Texto: Caroline Nunes | Edição: Nataly Simões | Imagem: Divulgação

15 de outubro de 2021

“A mensagem da música tem o poder de conectar mais que o discurso propriamente dito. Nós, como artistas pretos, podemos colocar nossas vivências em canções e fazer as pessoas refletirem sobre pautas que abordam o racismo”. É o que diz a cantora Tinna Rios.

A música é uma ferramenta de expressão para artistas negros desde sempre, seja para aliviar suas dores, ou até mesmo comemorar pequenas vitórias cotidianas. Nos Estados Unidos, o blues foi o ritmo encontrado pelos negros escravizados para expurgar sentimentos nas plantações de algodão em que eram obrigados a trabalhar. Mais para frente, na época dos direitos civis, serviu enquanto grito de protesto contra as crueldades sofridas pelo povo preto.

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No Brasil não foi diferente. A mistura de ritmos encontrada no país se comunica com as periferias de maneira simples, seja com o samba, com o funk, rap, hip hop, entre outras modalidades musicais, que empoderam o povo preto e os permite falar e sentir suas aflições diárias. Para a cantora Tinna Rios, a música é uma aliada na luta antirracista, por que proporciona confiança para a população negra.

“O público preto e periférico muitas vezes têm a autoestima baixa, não consegue enxergar o seu valor, se sente invalidado e, às vezes, nem sabe se como agir em situações onde ele é discriminado. E quando o artista se posiciona contra o racismo, ele praticamente está dizendo: ‘Ei, eu estou te vendo, eu estou nessa luta com você’. Mas para isso,é preciso agir de forma genuína”, avalia a artista.

A cantora Tinna Rios | Créditos: DivulgaçãoA cantora Tinna Rios | Créditos: Divulgação

“A música se torna uma ferramenta quando pedimos por mudanças”

Para o cantor, ator e compositor Martte, o poder que a música tem parte de um desejo que as coisas sejam diferentes para o povo negro, fato que, segundo ele, causa identificação no público.

“Isso acontece quando a gente se empodera dessa arte e conscientiza outras pessoas sobre as nossas revoltas, sentimentos e angústias. É quando a gente exclama em nossa música o que gostaríamos que fosse mudado. A música se torna uma ferramenta quando pedimos mudanças através da nossa arte”, explica o artista.

Martte ressalta que os artistas negros têm como dever apontar o racismo, pois isso pode encorajar o público a não se submeter mais a situações discriminatórias. Descrever situações assim na música, de acordo com ele, é uma maneira de não se calar diante dos casos. “Quando nós [artistas] não baixamos a cabeça para o racismo, mostramos para o povo preto que não se deve baixar a cabeça também“, salienta.

Contudo, o artista pontua que a música pode falar de coisas para além das dores e sofrimentos do povo preto. Em seu processo criativo de composição, Martte diz que busca retratar a vivência da negritude e da comunidade LGBTQIA+ com afeto e outros sentimentos bons. “Me inspiro no amor e na beleza da vida para poder levar isso para as pessoas”, completa.

O cantor Martte | Créditos: DivulgaçãoO cantor Martte | Créditos: Divulgação

Educação, inspiração e futuro

Tinna Rios acredita que a música tem o poder de educar e empoderar pessoas negras. “A mensagem dentro da melodia é adicionada inconscientemente à memória, levando as pessoas a refletirem, absorverem questões e fixar a informação no pensamento”, pondera.

“A música nos salva diariamente. É possível curar e inspirar vidas pretas por meio dela”, ressalta Martte, que está em planejamento do seu segundo álbum de estúdio. Para o futuro, o artista diz que a ideia é inspirar pessoas LGBTQIA+ e negras a serem elas mesmas, com altivez. “É sobre transformar vidas com a minha arte, com a música. Poder melhorar o dia das pessoas e torná-lo mais leve”, completa o cantor.

A cantora Tinna Rios finaliza afirmando que para o futuro, sua busca é a valorização da ancestralidade, podendo assim “conseguir alcançar mais pessoas com a verdade”, finaliza.

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