Dados da ONErpm, referentes ao quadrimestre de dezembro de 2020 a março de 2021, mostram que 66% das faixas do top 100 das músicas de maior audiência distribuídas pela empresa são de artistas negros.
A produção musical dos artistas negros de maior sucesso pode ser dividida em funk (56%), hip hop (35%) e samba/regional (9%). Das músicas de funk e hip-hop com mais destaque no top 100 da ONErpm, são 74% e 71% de obras, respectivamente, de artistas negros.
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A distribuidora digital atua nas principais plataformas de streaming, como Spotify, Deezer e Apple Store, além do gerenciamento e marketing da carreira de artistas. Com mais de 3 mil canais do YouTube, que geram coletivamente mais de 8,5 bilhões de views por mês, a ONErpm é também a maior network de música da América Latina e uma das maiores do mundo, com mais de 20 escritórios espalhados em três continentes.
O modo como as pessoas passaram a consumir música no mundo mudou e isso ajudou a combater o racismo na indústria cultural, conforme explica Marcio Cruz, diretor de desenvolvimento da ONErpm.
“Na época em que as grandes gravadoras dominavam o mercado, isso até anos 70 e 80, a curadoria que era feita para a escolha dos artistas que iriam ter a chance de mostrar o seu trabalho. Obviamente, isso impactou de forma negativa na carreira de artistas negros por conta do racismo”, detalha.
As novas dinâmicas de relação entre artistas e o modelo de distribuição da música são indicadores de como é possível superar o racismo nas oportunidades de entrada no mercado musical. Nas últimas semanas, três artistas negros brasileiros do time da ONErpm se destacaram na audiência do público. Foram eles: MC Poze do Rodo, MC Dricka e Péricles.
“O que conta é a música na hora da distribuição na plataforma. Tem artista que usa imagem de avatar, desenho ou aparece de máscara nas redes sociais. Hoje não tem mais o padrão de beleza branca para tocar ao público dentro do digital. Hoje qualquer pessoa pode entrar e subir a sua música. É um passo muito importante para combater o racismo da indústria “, analisa Stephanie Aguiar, project manager da ONErpm.
Um caso que exemplifica a fala da Stephanie sobre a mudança na indústria é o do cantor Elvis Presley, que começou a gravar em meados dos anos 50 e foi proclamado pela indústria como rei do rock, quando dezenas de artistas negros já faziam rock com uma década de antecedência.
“As pessoas, naturalmente, consomem as músicas que melhor refletem a história e a cena da comunidade em que vivem. A presença negra é forte na história da música, mas nem sempre isso refletiu na indústria fonográfica, que era impulsionada por outros valores”, pondera o diretor de desenvolvimento Marcio Cruz.
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