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Ocupação Cultural Jeholu lança obra musical ligada a terreiros

O movimento cultural antirracista que tem como patrono Obalúwáiyé nasceu em 2018, seguindo a tendência de coros online

Texto: Redação | Imagem: Reprodução

 

Na foto, todos os integrantes da Ocupação Cultural Jeholu.

18 de julho de 2021

A Ocupação Cultural Jeholu, movimento cultural antirracista que tem como patrono Obalúwáiyé, lançou a “Àwọn Ohùn Áiyè — Vozes da Terra”, obra coral ligada à cultura de terreiros e disponibilizada no YouTube

A ocupação nasceu em 2018 e segue a tendência dos coros online. Todo o processo de captação de áudio foi feito apenas pelos celulares dos integrantes. As gravações ocorreram de forma remota, à distância, em função da pandemia.

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A iniciativa  bebe das fontes do terreiro sem propor uma ruptura com as bases essenciais melódicas, musicais e rítmicas das comunidades de matriz africana.  “Essencialmente porque é produzida por pessoas que, em sua maioria, são ligadas ao terreiro e que têm também a sua profissão ligada ao palco da dança, do ritmo”, explica um dos idealizadores Felipe Brito, da Jeholu.

Desde seu nascimento, a ocupação não coube apenas na ideia do coro e, o que era pra ser um simples coral gravado, transformou-se na materialização do que os integrantes do movimento são: corpo, voz, dança, ancestralidade e luta antirracista.

“É um processo de tentar trazer para a produção musical do que se trata o terreiro. Essa questão de decolonização. O que queremos dizer com isso? Não fazer um trabalho para que ele pareça belo, ele rompa com a estética do terreiro, pois é necessário. O que o terreiro produz musicalmente, o que o terreiro possui já tem em sua essência, já é suficientemente belo. O que a gente faz é apenas unir uma voz lírica, unir a concepção da música coral, da dança num processo artístico em que a estrutura é o que o terreiro nos dá. O que o terreiro nos proporciona”, reflete Felipe.

A obra gravada tem como base dois cânticos, orin, tradicionais de terreiro, cantados em yorubá e ambientados para Oxóssi. Com arranjo original de Alberto Cunha, a música foi remodelada pelo maestro Luiz de Godoy em um projeto não apenas musical como audiovisual também, mas sobretudo ancestral. Cada vídeo foi editado e reunido pelo olhar do produtor audiovisual Nego Júnior.

“A gente busca trazer as vozes de uma maneira em que as pessoas sintam que apesar de serem vozes líricas, cantores que estão no mundo da ópera, cantores que estão nos palcos, que as pessoas se sintam abraçadas por esse som como se elas estivessem também dentro do ritual dos cânticos do terreiro”, finaliza Felipe.

Errata: Ao contrário do que foi publicado, a Ocupação Cultural Jeholu nasceu em 2018, não em 2020. Além disso, “Àwọn Ohùn Áiyè — Vozes da Terra” é uma obra coral/musical e não rítmica, como informado. Matéria atualizada no dia 18 de julho de 2021 às 22:31.

Confira também:

Influenciada pelos terreiros, Ocupação Jeholu discute a identidade negra

 

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