Após uma temporada aclamada no Rio de Janeiro, com indicações a prêmios, o monólogo “Eu sou um Hamlet” faz sua estreia no Sesc Pinheiros, em São Paulo, trazendo Rodrigo França no papel do icônico personagem de Shakespeare. A temporada começa em 9 de janeiro, às 20h, e se estende até 22 de fevereiro.
Sob a direção de Fernando Philbert, o espetáculo oferece uma releitura contemporânea da obra do bardo, com tradução assinada por Aderbal Freire-Filho, Wagner Moura e Barbara Harrington.
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A adaptação, fruto da colaboração criativa entre Jonathan Raymundo, Fernando Philbert e Rodrigo França, reforça a parceria dos dois últimos, já consagrada no impactante “Contos Negreiros”.
A montagem, ao empregar as falas de Hamlet, funciona como um espelho da sociedade violenta e segregada. A partir da perspectiva de um ator negro, a peça provoca reflexões profundas sobre as relações humanas, a condição do homem negro no Brasil e a busca por identidade.
Este Hamlet questiona o mito da democracia racial e enfrenta o desafio de criar um discurso que provoque reflexão sobre o presente. Rodrigo França, ao assumir o papel, reflete sobre o impacto da tragédia colonial na identidade do homem negro, forçado a lidar com uma humanidade fragmentada e constantemente questionada.
Para Rodrigo França, estar à frente desta montagem é significativo, sobretudo por mostrar que artistas negros podem interpretar qualquer personagem. Ele destaca que interpretar um texto como esse, que reflete o ser humano, traz um impacto único ao ser incorporado por um ator negro.
A peça, embora respeite a obra de Shakespeare, explora novos territórios ainda não revelados, mostrando que amor, ódio, fúria e vingança são universais, mas suas expressões variam conforme a subjetividade de cada grupo.
Segundo o protagonista do espetáculo, que divide seu tempo ainda como diretor, debatedor, filósofo, autor e escritor, a população negra ainda está em busca de ser humanizada no Brasil.
“Só é tratado como humano aqueles que têm dignidade em suas estruturas. Estamos longe de uma equidade para existir uma reparação de nossas mazelas causadas pela escravização. Contextualizando ‘Hamlet’, os nossos fantasmas (ancestrais) ainda clamam. O Hamlet de Shakespeare quer vingança; no Brasil, os diversos ‘Hamlets’ só querem justiça. Imagina se quisessem vingança? Não posso dispersar, pois os meninos estão morrendo lá fora. E temos muito o que fazer”, afirma Rodrigo França.
Serviço
Temporada: 9 de janeiro a 22 de fevereiro de 2025
Quinta a sábado, às 20h; Feriado (25/01), às 18h.
Classificação Indicativa: 12 anos
Duração: 60 minutos
Sesc Pinheiros – Auditório
R. Pais Leme, 195 – Pinheiros, São Paulo – SP, 05424-150
Ingressos: R$ 50 (inteira) R$ 25 (meia entrada) R$15 (credencial plena)