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Peça ‘Mário Negreiro’ debate racismo estrutural e apagamento histórico

O artista, Macunaíma, Mário de Andrade e o teatro paulista contemporâneo são camadas da montagem em diálogo com uma série de projeções de imagens
O ator Anderson Negreiro em cena do espetáculo "Mário Negreiro".

O ator Anderson Negreiro em cena do espetáculo "Mário Negreiro".

— Marcelle Cerrutti

19 de janeiro de 2025

O ator Anderson Negreiro regressa ao passado e ao bairro da sua infância, a Casa Verde Alta, na Zona Norte de São Paulo, para entregar a um amigo de infância o livro “Macunaíma”, de Mário de Andrade. Nesse percurso, realidade, ficção e trechos do livro se confundem numa cidade que tem seus problemas agravados pela modernidade que supostamente deveria ter superado os traumas da colonização. É neste cenário que se ambienta “Mário Negreiro”, monólogo teatral que estreia no Sesc Vila Mariana, em 29 de janeiro.

“O público então acompanha uma viagem contrária ao do personagem/anti-herói Macunaíma. Se Macunaíma vai da floresta à cidade, Mário Negreiro vai da cidade à floresta/periferia, num rastro de apagamentos. Artista e obra e realidade e ficção se encontram”, explica Anderson, que também assina o texto e a direção do espetáculo.

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Na peça, a busca por uma identidade cultural brasileira, tendo o grande artista multifacetado Mário de Andrade como interlocutor, é pano de fundo para que o ator traga à cena um debate sobre racismo estrutural e resgate de apagamentos históricos.

No palco, Anderson Negreiro, ressalta um Mário de Andrade que se distancia das ideias do colonizador e se aproxima do interior do Brasil projetado nas periferias paulistanas. O ator “reencontrou” Mário de Andrade quando deu vida ao modernista no documentário 22 em XXI, de Hélio Goldsztejn:

“Nas filmagens tive contato com novos materiais e ideias de Mário de Andrade, o que me instigou a reler sua obra clássica, Macunaíma”, conta.

Trilogia modernista

Contemplada pelo Prêmio Zé Renato de Teatro da Secretaria Municipal de Cultura de São Paulo, a montagem integra a Trilogia Modernista.

No espetáculo, Macunaíma, inexaurível, será ainda fonte de inspiração, especialmente em sua linguagem e nas maneiras como Mário trata dos inúmeros problemas do Brasil advindos da colonização – relacionando tanto a importação de modelos socioeconômicos com a submissão cultural e desconhecimento do Brasil profundo.

“Nos falta (ainda) um caráter nacional? Buscamos, como outras peças do projeto, a ideia do diálogo e a cultura da viagem (o encontro com o outro) como tema e linguagem. Nossa ideia é nos focarmos na perspectiva de um Mário de Andrade erudito (e embranquecido) e mais uma conversa entre mim, artista, preto, hoje, em busca de resgate de apagamentos históricos e o modernista Mário”, destaca o autor e diretor.

Serviço

Temporada: De 29 de Janeiro a 27 de fevereiro, quartas e quintas às 21h

Onde: Auditório do Sesc Vila Mariana – Rua Pelotas, 141 – Vila Mariana, São Paulo.

Duração: 75 minutos

Classificação indicativa: 14 anos 

Ingressos: R$ 50 (inteira), R$ 25 (meia) e R$ 15 (Credencial Plena) 

Vendas nas bilheterias do Sesc e pelo site do Sesc.

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