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‘Pequeno Príncipe Preto’: livro de Rodrigo França reforça autoestima das crianças negras

Rodrigo França, premiado ator, diretor, roteirista, filósofo e cientista social, conversou com o Alma Preta sobre o título onde reúne aprendizados sobre amor e afeto com sua família; obra está em pré-venda na internet

17 de fevereiro de 2020

Criar um repertório para as crianças negras aprenderem a amar suas características, respeitarem a ancestralidade africana e terem auto estima para enfrentar o racismo em situações do cotidiano como na escola e no parque é o objetivo por trás do livro infantojuvenil “Pequeno Príncipe Preto”, de autoria do ator, diretor, roteirista, filósofo e cientista social Rodrigo França, vencedor de prêmios como o “Botequim Cultural”, por seu trabalho e militância em valorização da negritude.

A obra, em pré-venda na internet, é uma releitura do título “O Pequeno Príncipe”, de Antoine de Saint-Exupéry, conhecido mundialmente. Em entrevista ao Alma Preta, Rodrigo França conta ter reunido em seu processo de escrita os aprendizados sobre amor e afeto com sua família, em especial sua avó, homenageada na obra.

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“Eu escrevi pensando no que eu sempre ouvi dos meus pais e da minha avó, que foi uma matriarca. Na história, existe uma árvore milenar e sagrada para o povo africano, a Baobá, muito parecida com a minha avó. É um livro focado na minha família e no que eu acredito”, afirma.

Com ilustrações de Juliana Barbosa, o livro conta a história de um menino que vive em um planeta minúsculo onde sua única companheira é uma árvore Baobá. O menino viaja por diferentes planetas, espalhando lições de amor, empatia e a importância de as pessoas valorizarem quem são e de onde vieram.

“É um repertório de auto amor para a atual geração e as próximas. A ideia é que o racismo tenha um impacto muito mínimo na vida das crianças, ao evitar grande sofrimento e baixa auto-estima”, acrescenta França.

Democratização da leitura negra

“Pequeno Príncipe Preto” é a versão literária em formato de contos do espetáculo teatro que carrega o mesmo nome. Dirigida por Rodrigo França, a peça ficou em cartaz por aproximadamente dois anos e foi vista por mais de 60 mil espectadores em todo o país.

Segundo França, transformar em livro a obra que aqueceu o coração de milhares de pessoas é uma forma de alcançar pessoas sem acesso ao teatro.

“Por mais que a gente encha o teatro, não conseguimos furar a bolha e alcançar todo mundo. O Brasil é grande e eu acredito que conteúdos como esse não podem ficar só no palco, em uma estrutura burguesa, onde por mais que o ingresso seja barato, muita gente não consegue acessar”, explica.

Para quebrar as barreiras sociais, Rodrigo França planeja disponibilizar exemplares gratuitamente em bibliotecas públicas.

“As pessoas podem não ter dinheiro para comprar, mas vão poder encontrá-lo em bibliotecas públicas e essa é minha luta. O livro chega para democratizar o acesso à narrativa negra”, complementa.

  • Nataly Simões

    Jornalista de formação e editora na Alma Preta. Passagens por UOL, Estadão, Automotive Business, Educação e Território, entre outras mídias.

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