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Portela adapta obra de autora negra e leva ‘Um Defeito de Cor’ para desfile no Rio de Janeiro

A escola conta a história de Luísa Mahin na Avenida a partir de uma carta fictícia de Luís Gama sonhada por carnavalescos
A imagem mostra protótipos dos figurinos que vão ilustrar o desfile da Portela, que homenageia a obra "Um Defeito de Cor", da autora mineira Ana Maria Gonçalves.

Foto: Reprodução

11 de fevereiro de 2024

A escola de samba Portela leva para a o Sambódromo Marquês de Sapucaí, no Rio de Janeiro, mais um enredo literário. O tema do desfile de 2024 é “Um Defeito de Cor”, obra da escritora negra Ana Maria Gonçalves. O enredo refaz os caminhos imaginados da história de Luísa Mahin, na perspectiva de seu filho Luís Gama.

Nos anos anteriores, a agremiação adaptou para enredo obras como “Memórias de um Sargento de Milícias”, inspirado em livro de Manuel Antônio de Almeida; “O Tronco do Ipê”, baseado em um romance de José de Alencar; “Pasárgada”, o amigo do rei, adaptado do poema de Manuel Maneira; e em 1975 apresentou “Macunaíma”, romance de Mário de Andrade.

O enredo deste ano foi desenvolvido pela dupla de carnavalescos Antônio Gonzaga e André Rodrigues. Eles pretendem desenvolver na avenida uma história por meio de uma carta sonhada por eles na qual o baiano Luís Gama, advogado, abolicionista, orador, jornalista, escritor e o patrono da abolição da escravidão do Brasil, se dirige a sua mãe Kehinde, conhecida no Brasil como Luísa Mahin, de quem foi separado ainda criança.

“Lembrando das histórias que me contava, estou tal qual um pássaro, como se voasse, buscando em minha cabeça cada lugar que pisou, capaz de ser você em cada encontro que tivesses nesses longos anos. Até hoje quando repasso tuas memórias, procuro ter olhos de Daomé, olhos de jeje, olhos de águia (que era o espírito preferido da mãe de vossa mãe)”, indicou o texto da sinopse.

Em nota do site Carnavalesco, Antônio Gonzaga afirma que a narrativa é dedicada para todas as mães e é uma forma de demonstrar afeto e gratidão por sua recém chegada na escola, junto de André.

“A história de uma mãe, heroína, filha de África, que pariu a liberdade dessa nação. É uma honra imensa contar essa história e imaginar esse reencontro de Luísa com Luís Gama. Essa história fala de todos nós. É a nossa identidade construída no tempo”, frisa Gonzaga que aproveitou a ocasião para agradecer a oportunidade de estar junto a comunidade portelense.

A autora mineira Ana Maria Gonçalves, responsável pela obra “Um Defeito de Cor”, contou, em entrevista também ao Carnavalesco, estar honrada pela homenagem e ansiosa para assistir a sua obra na Avenida. 

“É algo grandioso, eu não tenho a menor dúvida. As conversas da literatura, principalmente da literatura que eu faço, com outras linguagens com um apelo que provavelmente um livro não alcançaria. Eu estou muito feliz com esse diálogo com a Portela. Eu acho que é um desfile que tem tudo para ser campeão sim”, disse a homenageada.

A Portela será a segunda escola do Grupo Especial a entrar na Sapucaí, nesta segunda-feira (12), após desfile da Mocidade Independente de Padre Miguel. Ainda passarão pela Avenida a Vila Isabel, Mangueira, Paraíso do Tuiuti e Viradouro.

  • Giovanne Ramos

    Jornalista multimídia formado pela UNESP. Atua com gestão e produção de conteúdos para redes sociais. Enxerga na comunicação um papel emancipatório quando exercida com responsabilidade, criticidade, paixão e representatividade.

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