A revista Pihhy, voltada a criação e produção de materiais de autoria indígena, chega em sua 6ª edição sobre conteúdos de diversos povos indígenas. A publicação é feita pelo Núcleo Takinahakỹ de Formação Superior Indígena, em parceria com o Ministério da Cultura e a Universidade Federal de Goiás(UFG), por meio da Secretaria de Formação, Livro e Leitura (Sefli).
A produção marca a história da produção intelectual indígena no Brasil, sendo a única do gênero publicada. A ideia é promover um espaço para a criação, produção e circulação de materiais de povos originários de todo o país, criando uma ponte entre os saberes indígenas e a sociedade.
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O veículo se consolida como uma plataforma para a difusão de vozes historicamente silenciadas, possibilitando o acesso à tradução de materiais de intelectuais indígenas mexicanos do espanhol para o português, além de conhecimentos indígenas do Brasil para o inglês.
De acordo com o secretário de Formação Cultural, Livro e Leitura do Ministério da Cultura, Fabiano Piúba, a escolha do nome da revista significa “semente” na língua mehi jarka do povo Mehi-Krahô. Assim,, a palavra Pihhy ganha um sentido mais abrangente por não ser só uma semente e simbolizar um “sementário“, um banco de coleções de sementes da policultura do pensamento indígena brasileiro.
Para o professor e coordenador do projeto, Alexandre Herbetta, a Pihhy preenche uma lacuna fundamental na democracia brasileira: a de garantir que as narrativas e reflexões indígenas sejam contadas por quem as vive.
“Com uma política editorial inovadora, a revista traz conteúdos de base indígena que dialogam com temas essenciais para toda a sociedade, como democracia, direitos, educação, arte, sustentabilidade e conhecimento”, afirma o professor da UFG.
A revista Pihhy
A plataforma teve seus primeiros conteúdos lançados no primeiro semestre de 2024 e já alcançou a marca de 100 autores e autoras indígenas, pertencentes a mais de 40 povos originários distintos no Brasil. A iniciativa está disponível no site do Ministério da Cultura e faz parte do programa de fortalecimento à “conexão, cultura e pensamento”.
O grupo responsável por essa produção é liderado pelos professores Alexandre Hartant Herbetta e Gilson Tenywaawi Tapirapé, com apoio de Mirna Kambeba Anaquiri, José Alecrim, Gregório Huhte, Julio Kamer e José Cohxyj. As edições tiveram resultados com livros e e-books inseridos nos currículos e planos de ensino de unidades escolares em algumas partes do país, chegando às escolas indígenas e não indígenas como material didático diferenciado.
Segundo o professor Gilson Tenywaawi Tapirapé, o impacto da revista vai além das páginas e ressalta que já são “mais de 20 livros, audiolivros e filmes lançados e publicados, com outros 30 livros em desenvolvimento, reforçando o compromisso com a diversidade e a autonomia intelectual dos povos originários”.