A série literária ‘Cadernos Negros’, que reúne obras de autores da literatura afro-brasileira contemporânea, alcançou a marca de 45 anos com o lançamento de seu 45º volume. O marco foi celebrado durante um evento de lançamento nos dias 20 e 21 de abril, no Itaú Cultural, na Avenida Paulista, em São Paulo. O encontro foi marcado por leituras de poemas e apresentações musicais e de dança.
Organizado pelo coletivo cultural Quilombhoje Literatura, o evento contou com uma programação diversificada, abrangendo diversas expressões artísticas. Um total de 41 autores, dos 56 presentes no livro, compartilharam suas obras e experiências.
Quer receber nossa newsletter?
Você encontrá as notícias mais relevantes sobre e para população negra. Fique por dentro do que está acontecendo!
Os Cadernos Negros representam mais do que uma simples coleção de textos, afirma a nota enviada à imprensa, são testemunhos do poder da literatura como forma de resistência contra o preconceito. Ao longo de suas décadas de existência, a publicação desempenhou um papel crucial na ampliação do debate sobre a identidade negra no Brasil, abrindo caminho para uma nova geração de escritores e leitores. Este ano, a série dedica-se à poesia negra.
“É possível ser um escritor ou escritora em um país racista, que sempre tentou nos colocar em lugares inferiorizados. Não reconhecer que escrevemos e publicamos é uma violência enorme”, ressaltou a escritora Esmeralda Ribeiro, uma das organizadoras da publicação desde 1982, em material de divulgação.
Criada em 1978 por escritores como Cuti e Hugo, a série surgiu em um momento crucial, quando a população negra buscava espaço e representatividade em diversas esferas da sociedade brasileira. O Quilombhoje, grupo responsável pela iniciativa, propunha o debate sobre o apagamento do negro e sua representação distorcida na literatura, enfrentando a exclusão e o racismo presentes no meio acadêmico e editorial.
A série “Cadernos Negros” continua sendo uma referência na produção literária afro-brasileira, e parte de sua história está disponível para leitura na biblioteca do Centro Cultural de São Paulo (CCSP), incluindo a primeira edição e uma seleção especial traduzida para o inglês.