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Sindicato dos delegados de SP critica desfile do Vai-Vai: ‘Demonizou a polícia’

Desfile da escola de samba foi marcado por críticas sociais, como a repressão contra o movimento hip hop na década de 1990
Desfile do Vai-Vai no Carnaval 2024 fez referência ao álbum "Sobrevivendo no Inferno", dos Racionais MCs.

Foto: Felipe Araújo/Liga-SP

13 de fevereiro de 2024

O Sindicato de Delegados de Polícia do Estado de São Paulo (Sindpesp) criticou o desfile do Vai-Vai, realizado no último sábado (10), no Sambódromo do Anhembi, em São Paulo (SP).

Com o samba-enredo “Capítulo 4, Versículo 3 – Da Rua e do Povo, o Hip-Hop: Um Manifesto Paulistano”, a tradicional escola de samba homenageou o gênero musical com uma apresentação marcada por críticas sociais. Uma das alas que passou pela avenida foi a “Sobrevivendo no Inferno”, nome de álbum dos Racionais MCs, com alegorias em referência à violência policial.

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Em nota de repúdio, o sindicato afirmou que a agremiação “demonizou a polícia” e tratou a “figura de agentes da lei” como “escárnio”.

“Em nome do que chama de ‘arte’ e de liberdade de expressão, [a escola] afronta as forças de segurança pública, desrespeita e trata, de forma vil e covarde, profissionais abnegados que se dedicam, dia e noite, à proteção da sociedade e ao combate ao crime, muitas vezes, sob condições precárias e adversas, ao custo de suas próprias vidas e famílias”, disse o comunicado.

Os delegados disseram ainda que a apresentação se tratou de uma “inversão de valores” que chega a “humilhar os agentes da lei”, e cobraram uma retratação pública da escola de samba.

Vai-Vai cita ‘recorte histórico’ e repressão policial contra movimento hip hop

Também em nota, o Vai-Vai se defendeu da acusação dos delegados paulistas e afirmou que o desfile teve um recorte histórico e que a intenção não foi fazer ataques individuais.

“A ala retratada no desfile de sábado, da escola de samba Vai-Vai, à luz da liberdade e ludicidade que o Carnaval permite, fez uma justa homenagem ao álbum e ao próprio Racionais Mcs, sem a intenção de promover qualquer tipo de ataque individualizado ou provocação, mas sim uma ala, como as outras 19 apresentadas pela escola, que homenageiam um movimento”, esclareceu.

A escola de samba mencionou ainda a violência policial, que acomete sobretudo os jovens negros e das periferias, e a repressão que o movimento hip hop viveu na década de 1990.

“Vale ressaltar que, neste recorte histórico da década de 90, a segurança pública no estado de São Paulo era uma questão importante e latente, com índices altíssimos de mortalidade da população preta e periférica. Além disso, é de conhecimento público que os precursores do movimento hip hop no Brasil eram marginalizados e tratados como vagabundo, sofrendo repressão e, sendo presos, muitas vezes, apenas por dançarem e adotarem um estilo de vestimenta considerado inadequado pra época. Ou seja, o que a escola fez, na avenida, foi inserir o álbum e os acontecimentos históricos no contexto que eles ocorreram, no enredo do desfile”.

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  • Nataly Simões

    Jornalista de formação e editora na Alma Preta. Atua há seis anos na cobertura das temáticas de Diversidade, Raça, Gênero e Direitos Humanos. Em 2023, como editora da Alma Preta, foi eleita uma das 50 jornalistas negras mais admiradas da imprensa brasileira.

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