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SP: espetáculo ‘O Pássaro na Gaiola’ reflete sobre racismo e patriarcado

A protagonista, inspirada por figuras como Ruby Bridges, que foi a primeira criança negra a ingressar em uma escola primária branca no sul dos EUA em 1961, e Maya Angelou, a primeira mulher a aparecer em uma moeda de dólar americana, encontra força para reescrever sua história em um contexto de racismo e patriarcado
Imagem mostra uma mulher negra em cena no espetáculo "O Pássaro na Gaiola".

Foto: Renato Mangolin

6 de setembro de 2024

Dirigida e produzida por Arlindo Lopes, com dramaturgia de César Mello e protagonizada por Renata Vilela, a peça de teatro “O Pássaro na Gaiola” tem apresentações em São Paulo (SP) até 22 de setembro, com sessões aos sábados, às 20h, e domingos às 17h.

A pesquisa para “O Pássaro na Gaiola” tem como foco Ruby, uma personagem fictícia inspirada em Ruby Bridges. Através dessa personagem, o público é conduzido pelas histórias da atriz protagonista, Renata Vilela, e de Maya Angelou. Ao combinar elementos fictícios com fatos reais, o objetivo do espetáculo é mergulhar no subconsciente de diversas mulheres que, mesmo enfrentando a dor, conseguiram superar seus traumas.

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“Essa peça nasceu de uma vontade de contar histórias próximas às minhas experiências de vida. Sempre penso que a inquietação do artista é uma abertura para portais que criam um novo olhar para o mundo, e claro juntamente com histórias de mulheres que provocaram mudanças sociais, políticas e ideológicas só me faz vislumbrar um mundo de mais justiça, cura e redenção. Precisamos nos orgulhar e nos encontrar com histórias que elevam o nível da humanidade”, relata Renata Vilela.

O espetáculo narra a trajetória de Ruby, uma escritora que visita seu passado, enfrentando as memórias que a moldaram. Ela revive momentos cruciais de sua vida, com a oportunidade de reescrever sua própria história. Em um cenário dominado pelo racismo e patriarcado, Ruby se une a outras mulheres na busca por afirmar-se como uma figura forte e independente.

A história se passa 20 anos após a morte do reverendo Martin Luther King, em 1987, onde Ruby recebe a notícia do falecimento de James Baldwin, mentor de Maya Angelou, desencadeando nela uma onda de lembranças e nostalgia. Essa perda faz a protagonista retomar sua trajetória e refletir sobre a vida de Maya Angelou, sua maior mentora e referência.

Com isso, vemos uma prisão metafórica que aprisiona mulheres negras desde a infância, marcada pelo medo, pela rejeição e pela crença de que a cor da pele é um obstáculo à felicidade. No entanto, também retrata o processo de enfrentamento e superação desses medos, a reconstrução pessoal, as conquistas e a possibilidade de recomeçar.

“O texto reflete as histórias que ouço de Renata, seu início no balé clássico, suas experiências na dança contemporânea, sua vida de atriz, suas lembranças da infância, sua relação e experiências como filha, esposa, amiga e suas batalhas como mulher negra dentro dessa estrutura social racista, branca e excludente. É um exercício de tentar entender as diversas violências a que ela foi e está sujeita, mas também seu poder de resiliência, suas vitórias e sua garra em continuar evoluindo como mulher e artista”, conclui César Mello.

A obra

O objetivo da peça é discutir novas perspectivas sobre o mundo, explorando como mulheres negras e brancas estão ocupando espaços historicamente segregados. A narrativa destaca mulheres empoderadas que, com sua coragem, se tornam figuras de destaque como ativistas de direitos humanos, artistas, escritoras, pensadoras e empresárias.

“Que meninas e mulheres como Ruby Bridges, Maya Angelou e Carolina Maria de Jesus possam sempre inspirar um novo mundo, mais justo, amoroso e corajoso”, comenta Arlindo Lopes.

A obra aborda sobre a liberdade, autodescoberta e empoderamento, revelando o que está à frente e por trás dos processos de reconstrução sociais, políticos e humanos. As trajetórias de figuras como Maya Angelou, Ruby Bridges, Carolina Maria de Jesus, entre outras, nos convidam a reconhecer o potencial dentro de uma existência subjetiva. Contar essas histórias amplia a compreensão de senso de responsabilidade diante das transformações profundas necessárias para superar injustiças históricas.

Serviço

Espetáculo “Pássaro na Gaiola”

Quando: Até o dia 22 de setembro, aos sábado, às 20h, e aos domingo às 17h

Onde: Teatro Estúdio | Rua Conselheiro Nébias, 891 – Campos Elíseos, São Paulo (SP)

Classificação: 14 Anos

Ingressos: R$ 40 (inteira) e R$ 20 (meia entrada) | Vendas via Sympla.

  • Redação

    A Alma Preta é uma agência de notícias e comunicação especializada na temática étnico-racial no Brasil.

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