Sediada no Rio de Janeiro, a Casa Museu Eva Klabin apresenta a exposição “Uma Casa Toda Sua”. A mostra de 14 mulheres é baseada no livro “Um Teto Todo Seu”, de Virginia Woolf e pode ser visitada gratuitamente até junho.
Os trabalhos expostos são baseados na obra que abrange as palestras de Virginia Woolf nas faculdades de Newham e Girton, em 1928. Na época, as mentorias promoveram uma reflexão sobre as condições sociais da mulher e sua influência na produção literária.
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Entre as artistas selecionadas para compor a mostra, Mariana Maia traz sua vivência enquanto mulher negra para a exposição por meio de um vídeo-performance e uma instalação artística intitulada “Ofertar as Águas”.
A criação é composta por 101 lenços, em que cada um apresenta um símbolo relacionado a ancestralidade. O projeto incluiu elementos adinkra (povo Ashanti), símbolos de orixás (povo Iorubá) e símbolos de Bastet (Antiguidade Egípcia).
Em entrevista à Alma Preta, Maia explica que planejou ocupar o banheiro da Casa Museu Eva Klabin pensando que o ambiente seria o espaço mais íntimo de Eva. Em sua visão, “o trabalho também pensa na ideia de casa como o próprio corpo, o meu corpo ali é a minha casa, onde eu me abrigo, onde eu me cuido”.
A artista reforça que o trabalho possui uma conexão com as religiões de matriz africana. “Ele tem uma conexão com o ritual chamado ebó, em que a pessoa recebe o axé de outra, através de uma série de elementos da natureza que ela passa sobre o corpo”, pontua.
Ao visitar a instalação, as pessoas podem trocar essa energia vital com a artista por meio dos lenços, que representam a água que vem do corpo, dos suores e lágrimas. “A ideia é ofertar essas águas para o público no término da exposição”, diz.
Sobre as duas pinturas que cobrem os espelhos, Maia explica que uma é Oxum, a deusa do amor, da maternidade, do cuidado e da beleza. Enquanto, do outro lado, um gato faz referência a deusa egípcia Bastet, que tem uma proximidade com a deusa Oxum por conta de características semelhantes.
“Mulheres negras têm historicamente o corpo violentado e colocado em risco. Em um país onde ter um teto é privilégio, temos no corpo a morada. Por meio de gestos ancestrais, podemos proporcionar ao corpo o equilíbrio e a força necessária”, conclui Mariana Maia.